23 de setembro de 2008

Sal-dade

No meu corpo eu sinto uma pulsão que não é de vida nem de morte. É uma pulsão de praia.

Desejo ter areia em cada unha do pé.
Desejo ter o cabelo duro de sal.
Desejo ter a pele morena e quente.
Desejo ter o suor do calor que não passa.
Desejo ter a noite enfestada de pernilongos.
Desejo ter a madrugada enfestada de muriçocas.
Desejo ter batidas de axé e raves na cabeça.
Desejo ter que dormir com o sol, depois de ter dançado com a lua a noite toda.
Desejo ter o pai perguntando onde eu vou.
Desejo ter tão pouco dinheiro que queijo-quente seja banquete.
Desejo ter roupas simples e leves.
Desejo ter apenas um par de chinelos.

Desejo o sorriso de pessoas desconhecidas.
Desejo muitas pessoas desconhecidas.
Desejo conhecer muitas pessoas.
Desejo amar algumas pessoas.
Verdadeiramente.

Desejo tanto essas coisas que me fazem sentir sal-dade...

4 de setembro de 2008

Confissão

E é estranho dizer isso,
mas coisas estranhas acontecem.
E eu não posso não gostar de você.
Não o tempo todo.

2 de setembro de 2008

Querida professora,

Ela está me julgando... Eu não gosto que me julguem... E, pior ainda, está dizendo que sou pior do que sou. Se sou ruim, a culpa é dela. Ela, que não sabe conduzir; ela, que não atenta às suas próprias regras. Ela não tem noção.

E, se jogo a culpa nela, é para me sentir melhor. Para me sentir capaz.
É o que fazemos todos, não é?

Pois bem, leve meu sorriso, então.
Leve consigo o que me é de direito.
Mas meus vinte anos serão só meus. Neles, não tocarás jamais.

Porque a minha vida é feita de muitas outras, independentes.