31 de dezembro de 2008

24 de dezembro de 2008

Fliga na barriga

Antes de ver escrito, a gente pensa que muita coisa é o que não é. As palavras dão um outro olhar sobre as coisas e, às vezes, tiram grande parte da graça.
Meu irmão, com uns 6 anos, perguntou se falava 'figa da barriga' ou 'fliga na barriga' quando a gente descia um morro de carro. E a gente fez o favor de estragar todo neologismo infantil dele contando que o certo era 'frio na barriga'.

Mas, meu querido Rafael, hoje eu te entendo. Frio na barriga é uma coisa. Fliga, é outra. E eu estou é com muita fliga na barriga! Eu falo do que desconheço, eu quero compartilhar o que estou sentindo aqui dentro. E não há Aurélio, Michaellis, Houaiss ou qualquer outro amiguinho que defina com precisão. Fico com a versão Rafaelis: fliga. Muita fliga na barriga, irmãozinho! Dessas que a gente sente quando tá descendo o morrão e acha uma delícia, mas não sabe qual parte é medo e qual é prazer.

Obrigada por me ensinar coisas da vida, meu anjinho.

23 de dezembro de 2008

Entre hibiscos e jasmins.

Hibisco
na última página de um livro tão meu.
Rabiscos,
verbos pequenos perto do que se viveu.

Palavras não bastam. Flor bastaria?

Hibisco é beleza que marca,
que pensa que acaba,
que cabe na última página.

Jasmim é Plumeria alba, maciez pura.
Antes, desconhecido aroma,
aos meus olhos, rara.
Não caberia em nenhuma página.

Cabe na vida.

(E ainda assim, palavras tentam contar...)

Hibisco é guardado como incerteza feliz que se viveu um dia.
Jasmim é lembrado como eternidade que cabe no agora.

E a maior beleza é estarem ambas flores nesse mesmo jardim.

Amor é a vida assim, por partes, de flor em flor.

21 de dezembro de 2008

O mar (11/12/2008)

Quando me falaram do mar
eu quis sorrir, mas tive medo.
Será que ia ser bom?
O que a gente inventa e acredita
nem sempre é o que é.
O jeito de saber?
Ver o mar. Abraçá-lo.
Voltar para casa em paz,
carregando qualquer certeza.

3 de dezembro de 2008

Coisas

Tem coisa que a gente tem sem querer ter.
Outras a gente quer ter e não tem.
Umas a gente acha que tem, mas nem tem.
Tem as que a gente acha que tem tanto que até reivindica direitos por elas.
Umas a gente tem e nem sabe que tem.
Tem coisa que faz bem pra gente.
Tem coisa que faz mal.

Tô tentando jogar uma coisa fora, mas não sei em que categoria se encaixa.
Talvez seja por isso que ela fica grudada em mim.
Meleca!

20 de novembro de 2008

Manual 2: Os tipos de memória

Memória sensorial:
a pele gritando quando o abraço, que demorou além do normal por motivo de ( )desejo / ( )lembrança, termina.

Memória corporal:
o corpo realizando coreografias, quase involuntariamente, daquilo que já dançou um dia.

Em memória de:
querer oferecer escritos para acarinhar com palavras.

Imemoriais:
tempos remotos demais para que se saiba onde foi que tudo começou.

Memória de galinha:
pedir que repita.

16 de novembro de 2008

Diálogo nas entrelinhas II - Parte II

- Você não me pediu pra voltar pra ver o carro... Desistiu de consertar?

- Eu dei o carro. Andar à pé está me fazendo bem.

Essa semana eu já peguei chuva.
A chuva que cai no centro podre é limpa.
Ela não limpa o centro,
mas me limpa.
Poluição sentimental esgoto abaixo.
Se eu estivesse de carro, não teria sido assim.
Poluição sentimental ao ferro velho.

Vira arte, que eu te observo de longe.
Vira arte, que eu te componho e canto.
Vira arte, que eu te entendo.
Vira arte em minhas mãos, que disso faço o que eu quiser.

13 de novembro de 2008

Agora que acabou

Eu teria te amado pra sempre. Com um amor falso, talvez, mas intenso. Teria sido eterno. Eu teria te chamado de Pequeno, Anjo, Lover, Bem, Coração, Bonito e de todos os outros nomes que ainda usarei. Todos eles seriam pra você, não tivessem se repartido pelo mundo.
Você teria sido meu único amor. E eu viveria pra sempre ao seu lado. E saberia que era a mulher mais feliz do mundo.
Eu teria te amado tanto... Aliás, eu te amei tanto. Só não foi pra sempre porque... ah, não importa. Acabou e eu acabei tendo que parar de amar. Porque, antes de te amar imensuravelmente, eu sempre me amei.
Mas, ah, como eu queria ter te amado pra sempre...
Teria sido lindo.
E eu teria sido a mulher burra mais feliz do mundo.

6 de novembro de 2008

Chá?

Obrigada, já me basta.
E não entendo como você ainda pode beber mais desse chá. Não acabou de dizer que estava amargo? São outras mãos que o preparam, é certo, mas é o mesmo chá. Bebe com essa boca boa, como se o fato de não ter a xícara vazia já te bastasse.
Não, obrigada. Eu quero chá de verdade, preparado para mim, com carinho. Eu não quero que me dêem chá-falso. Prefiro, antes, chá-MATE!
Delicie-se em ver sua xícara cheia. Beba, engasgue, se embriague até. Mas saiba, vai amargar novamente. Porque, você pensar que bebe chá, não transfigurará a água podre que está diante dos seus lábios.

4 de novembro de 2008

Diálogo nas entrelinhas II - Parte I

- Então, será que dá pra você consertar pra mim?

- Deixa eu dar uma olhada. (...) Nossa, o que você fez com esse carro?

- Ah, você sabe como é, né.. A gente vai judiando e, quando vê, já está assim... Eu costumava sair com pressa, irritada, e batia a porta. A caixa de marcha também deve estar bem ruinzinha, porque eu às vezes esquecia de pisar na embreagem. E aí mês passado eu acabei batendo, porque não estava prestando muita atenção no que tava fazendo...

- Mês passado? E só agora você me chamou pra olhar?

- Bem.. Eu achei que podia tentar consertar sozinha.. Sabe?

- Menina, pelo que você tá falando, nem sabe dirigir direito, e ainda quis consertar o carro?? O que você fez?

- Então, eu dei uma mexida no motor... Tinha dia que até saía fumaça. Eu deixava quieto uns dias e depois voltava a mexer... Mas não deu não. Por fim, não tava nem ligando mais. Aí por isso eu te chamei aqui.

- Santo Deus...

- Tem conserto?

- Olha. Eu posso tentar. Mas vai demorar um pouco.

- O tempo que for preciso. Eu gosto muito desse carro.

- É? Não parece. Pelo jeito que você trata ele.

- Mas eu não sabia que ele ia fazer tanta falta. Esses dias tendo que andar de ônibus estão sendo péssimos!

- Faz o seguinte, eu vou passar aqui todo dia pra dar uma mexida. E você nem chegue perto do automóvel, viu??

- Mmm.. Tá...

- Você já fez estrago demais por aqui. Agora deixa comigo.

Ela pensa: "É tão difícil apenas confiar. Sem agir... Mas acho que ele sabe melhor que eu o que está fazendo, né?..."

30 de outubro de 2008

Vazio

Procuro lugar que me caiba.
Que me faça sentir em casa.

Tanto disse não pertencer,
que acabei nada possuindo.

Agora o dia se divide em vários
Mudanças súbitas de humor
E como pode tanto vazio
encher assim uma vida?

Já não sei o que é melhor:
ser feliz sendo pequeno
ou sofrer para crescer.

Me acostumei ao cômodo.
E agora?

Não é mal nenhum preencher para que não doa.
Mas e quando não há com que preencher?
Vazio...
Vazio...
Vá!

23 de outubro de 2008

Conselho aos que sofrem por amor II

- Ai, minha filha, de novo essa história?
Já não te disse algumas vezes?
Amor é coisa que a gente fica procurando onde colocar. E fica tenso se não tiver esse lugar. Ele se realiza numa pessoa, num trabalho, numa causa social... Aquilo que move a gente, aquilo pelo que a gente diz ter paixão.
Aí a moça diz que tá morrendo de amor, mas tá morrendo é de não ter onde botar o amor. A pessoa amada se foi, mas o SEU amor tá aí, minha querida. Coloca ele em outra coisa. O seu amor é só seu. O meu é só meu. É gostosa a sensação de estar dividindo alguma coisa... Mas a gente só quer amar. Da forma que for. O que quer que seja.
Se ninguém vai receber seus bilhetinhos de "Eu te amo", diga pra você mesma, diga pra sua família! Se você quer agradar alguém com um bolo, agrade os vizinhos, as crianças... Sempre tem gente querendo receber uma parcela dessa amorzão que você fica achando que tem que despejar em cima de um só infeliz, um homem.
Não é por aí, e já te falei.
Você quer é a sensação de amar. Não é?
Então troque seu amor de lugar. Passe de um objeto de afeto pra muitos outros. E não se engane de novo, dando tanto do seu sentimento, do seu tempo, dos seus pensamentos, a uma só pessoa... Viver a dois é gostoso, mas viver em comunidade é melhor. A comunidade permanece quando o dito cujo te esquece.
Veja bem se aprende agora, filha.

- Tá, Vó...

21 de outubro de 2008

Fim

Eu disse: mais nenhuma lágrima!
Eu disse: nenhuma palavra!
Eu disse pra mim e pros outros.
Mas eu menti, sem saber.

Estão aqui as últimas palavras.
Em minha face, as últimas lágrimas.
No banho serão lavadas
e sumirão, assim como você.

Lavo.
Lá vou.
Porque EU não tenho medo.

Lavai.
Lá vai
e não volta mais tão cedo.

17 de outubro de 2008

Pra preencher

- Ficar em casa não está com nada; o bom é sair. (Quando não se tem mais nada verdadeiro na vida)

-Não é que eu não queira ir. Festas são legais. (Quando não se tem mais nada verdadeiro na vida)

Quando não se quer ir
nem se quer voltar
Quando não se pode ficar onde está
Quando não se tem nada verdadeiro na vida

O que fazer, então?

16 de outubro de 2008

Enjôo

se o cheiro da comida salgada me enjoa
e já estou enjoada de comer doce

starve,

enjoada!

Adeus

Quer saber? Estou bem melhor agora.
Tranqüila.
Você se foi.
Não doeu.
Não dói.
Há um encômodo.
Coisa de articulação.
Que vai passar.
Só isso.
Onde você estava ficou um buraco,
mas está fechando. Tão rápido! E indolor!
Amanhã isso não é nem assunto pra poesia.

Adeus, siso.

11 de outubro de 2008

Chore

Finja, pra quem você quiser, que é forte.
Minta que passou, que entende que assim é melhor.
Engane-se, falando que está pronta pra essa nova fase.
Mas quando o pano cair, você caíra junto.

Não adianta morder os lábios, nem enrugar a testa. As lágrimas continuarão caindo.
Sim, você se acha burra. Mas te digo que é apenas precipitada.
Em tudo. Em todas as decisões.
Não aprendeu ainda a entender sua volatilidade?
Custa tanto assim esperar?
Não era você quem dizia que as coisas se encaminhavam?
Por que tenta, agora, carregá-las para onde você julga melhor?

Chore, chore muito.
Escondida, se preferir.
Mostre-se uma leoa, continue a faculdade, continue a viver.
Ocupe-se.
E esqueça.
E que seja logo, pois você está sozinha.
SOZINHA.
E ninguém se importa com sua dor.
Se te virem chorando, te abraçarão. Mas não sentirão doer junto.
Só o seu mundo quebrou. O de todo mundo continua.
Então cuide-se sozinha.
(Ou morra de chorar)

E aprenda. Pelo amor de Deus, Carolina, aprenda alguma coisa!

10 de outubro de 2008

Manual 1: Biologia

Geração espontânea:
Fotografia -> sorriso -> lágrima.

Cadeia alimentar:
Lágrima -> sorriso -> fotografia.

Ciclo biológico:
Sorriso -> fotografia -> sorriso -> lágrima -> música -> lágrima -> sorriso -> fotografia -> ...

9 de outubro de 2008

Como arroz

É que nem fazer arroz.
A gente não tem muita noção se vai dar certo.
A gente nem sabe se quer comer arroz.
Mas um dia tinha que aprender a fazer.
E eu fiz o que achei que era preciso.
Na hora que julguei melhor, joguei a água fervendo.
Respingou e doeu.
Mas o arroz ia sair!
E todo mundo ia ficar feliz, depois, de barriga cheia.
O arroz absorveu a água, inchou, parecia bom.
Eu dei uma garfada e pensei:
"Não era esse o gosto que eu estava imaginando que teria..."

É assim que tenho me sentido o dia inteiro.
Não pediu? Agora come.
Ficou o mês inteiro falando que queria arroz, que tinha que aprender a cozinhar. Então come. E come quieta, Carolina.
Ah, e se chorar, o gosto piora.

3 de outubro de 2008

O Todo

Eu sou todas as partes de mim espalhadas pelo mundo afora.
Espalhadas por lugares onde eu não estive.
Partes agarradas a partes de outros, que não existem.
Eu sou pedaços de histórias que não tiveram fim.
E das quais não tenho lembrança do início.
Eu sou partes eternas do que pensava esquecido.
Sou tantos pedaços que não me dizem nada, mas gritam o tempo inteiro, me lembrando de sua existência.

23 de setembro de 2008

Sal-dade

No meu corpo eu sinto uma pulsão que não é de vida nem de morte. É uma pulsão de praia.

Desejo ter areia em cada unha do pé.
Desejo ter o cabelo duro de sal.
Desejo ter a pele morena e quente.
Desejo ter o suor do calor que não passa.
Desejo ter a noite enfestada de pernilongos.
Desejo ter a madrugada enfestada de muriçocas.
Desejo ter batidas de axé e raves na cabeça.
Desejo ter que dormir com o sol, depois de ter dançado com a lua a noite toda.
Desejo ter o pai perguntando onde eu vou.
Desejo ter tão pouco dinheiro que queijo-quente seja banquete.
Desejo ter roupas simples e leves.
Desejo ter apenas um par de chinelos.

Desejo o sorriso de pessoas desconhecidas.
Desejo muitas pessoas desconhecidas.
Desejo conhecer muitas pessoas.
Desejo amar algumas pessoas.
Verdadeiramente.

Desejo tanto essas coisas que me fazem sentir sal-dade...

4 de setembro de 2008

Confissão

E é estranho dizer isso,
mas coisas estranhas acontecem.
E eu não posso não gostar de você.
Não o tempo todo.

2 de setembro de 2008

Querida professora,

Ela está me julgando... Eu não gosto que me julguem... E, pior ainda, está dizendo que sou pior do que sou. Se sou ruim, a culpa é dela. Ela, que não sabe conduzir; ela, que não atenta às suas próprias regras. Ela não tem noção.

E, se jogo a culpa nela, é para me sentir melhor. Para me sentir capaz.
É o que fazemos todos, não é?

Pois bem, leve meu sorriso, então.
Leve consigo o que me é de direito.
Mas meus vinte anos serão só meus. Neles, não tocarás jamais.

Porque a minha vida é feita de muitas outras, independentes.

25 de julho de 2008

Saudade

Estou naquele momento quando, de olhos abertos, não mais é possível ver. Mas continua aqui, tocando. Regendo cada canto.
Te vejo sorrir, até que meu olhos cegam, e só voltam a ver quando transbordam as lágrimas.

Este é um choro de saudade.
É um choro órfão.

Você continua vivo em cada uma dessas canções que dividimos. Me perdoe por eu não poder cantá-las sem que minha voz embargue. Um dia, talvez, eu consiga. Mas, por enquanto, só posso chorar sua ausência.

9 de julho de 2008

Testrálios

Naquela noite, choro.
De madrugada, pesadelo.
Na tarde de ontem, choro.
Esta noite, pesadelo.

Ela, que nunca quis ver testrálios.
Não os vê, mas sabe que poderia
agora que na retina há morte.
Nem todas as lágrimas que vertem limparão essa imagem.

1 de julho de 2008

Part-ida

É que quase me vou embora
Num suspiro, quase flutuo
Leve, leve
Me leve!
Fotografias e leituras me atraem
para um dia que não é hoje
para um lugar que não me pertence
para um sonho.
E cada dia conto menos um dia.
E cada dia tem menos de mim aqui.

Se não for justo com quem fica?
Perdão.
Mas nunca pertenci a lugar nenhum.
E onde estou é sempre ponto de partida
para os vários abraços que darei no mundo
até amá-lo por inteiro.

Se volto?
Como voltar se nem sei de onde parti?

Eu sou todas as partes de mim
as que querem ficar
e as que querem ir

E ajunto outras partes pelo caminho.
Por isso não volto.
Carrego o que preciso.
Vou de encontro ao que preciso.

Vou de encontro ao impreciso.

Dulce...

Ela acordou como se tivesse ouvido algo. Como se chamassem seu nome. Mas tudo estava quieto - na medida do possível, afinal, hoje em dia é difícil afirmar haver silêncio em qualquer lugar. Quer horas seriam? Ainda estava tudo escuro e a única lâmpada de seu quarteirão iluminava o quarto e fazia seus olhos extremamente abertos e atentos refletirem-se no espelho. Por um instante, assim que despertou, ela pensou que aqueles olhos pertenciam a outra pessoa. Talvez do dono da voz que a chamara.
Aos poucos se acalmou e foi afrouxando a atenção colocada nos ouvidos. Deve ter sido algum barulho na rua. Ou um sonho. Algumas vezes os sonhos se confundem com a realidade. Por isso crianças pequenas molham suas camas, por isso crianças maiores fazem planos, por isso os adultos vão aos psicólogos.
Sem saber do que se tratava, voltou a dormir. Adormeceu ainda querendo ouvir aquela voz. Ela conhecia aquela voz. Queria que não fosse sonho.
Na mesma semana, aconteceu novamente. Acordou sabendo que era chamada. Não podia ser sonho. Pelo menos não um sonho seu. Ela ainda se lembrava que, no instante em que ouviu "Dulce!", estava a sonhar com a prova que faria na manhã seguinte. Não fazia sentindo ouvir seu nome sendo chamado por aquela voz no meio daquele sonho. Definitivamente, não era sonho. Ao menos, não era um sonho SEU.
Alguns dias depois, o dono da voz que Dulce ouviu, lhe enviou uma mensagem dizendo que sonhara com ela duas vezes naquela semana. Então realmente não tinha sido um sonho dela. Fora ele quem sonhara. E Dulce sentira. Por que estavam assim ligados? E o que significaria aquela ligação? Quantas outras vezes aconteceriam chamados assim?
Dulce tem agora os olhos fixos no nada. Será que deveria comentar com alguém? Será que deveria ir ao psicólogo? Não. Isso vai passar. Ligações só são mantidas se a corda estiver firme dos dois lados. Então a corda ESTAVA firme. Ainda. Mas vai passar. Não vai? É melhor que passe... Ou não é? Ela se sentia presa e, ao mesmo tempo livre. Confusa, portanto.
Dorme, Dulce. Fecha esse olhos doces. Fecha os ouvidos. E corre, Dulce, corre. Dormindo ou acordada. E, para onde quer que corra, mantenha os braços abertos. Para você, não há sentido errado. Não há, sequer, SENTIDO.

30 de junho de 2008

Caminhantes (17 de junho de 2008)

Eles vinham caminhando juntos há dias. E parecia que já caminhavam há anos. Possuiam dentro de si um vigor que não permitia cansaço ou dor. Acontece que um dia, quase sem perceber, se aproximaram de uma fenda enorme no chão, que impedia-os de continuar. E se puseram a discutir: - Melhor voltarmos.
- Não é possível.
- É. Eu sei que não. A estrada atrás de nós nunca será a mesma.
- Não.
(Silêncio)
- Pularemos. É isso. É o fim.
- Pularemos, então... Mas não pode ser!
- Também não é o que eu queria.
- Como chegamos até aqui? Por que viemos parar nesse lugar? Não era esse o plano! Onde erramos??
- Não sei... Mas... Ninguém vai morrer por causa disso. Esta fenda significa que devemos nos separar. Pularemos. E, depois, cada um segue seu caminho.
- Tá...
E eles se abraçaram. E choraram. Feito crianças. Haviam decidido.
Então pularam. Mas eles desconheciam a força que possuiam. E, ao invés de caírem, alcançaram o outro lado. Se olharam, se abraçaram, sorrindo, ainda as faces molhadas de lágrimas.E uma nova caminhada se iniciou. Estavam certos de que o que os unia era grande demais para que se separassem ali.

Justificativa (30 de maio de 2008)

Não escrevo mais.
Não porque não quero, mas porque não posso.
Ele não me deixa escrever.
Vem travando minhas mãos.
A inspiração está toda aqui, mas ele não a deixa sair...
E pode parecer que isso seja uma coisa ruim, mas não é.
Escrever é um detalhe. É a exteriorização de algo muito mais profundo.
Ele me deixa sem tempo pra contar o que vem acontecendo.
E, mesmo assim, todo mundo fica sabendo o que se passa de dentro.
Na verdade, ele retira as palavras por serem essas desnecessárias.
Tudo é indizivelmente exposto.
Agora a busca por palavras é desperdício de tempo para sorrir.
Ele está aqui.

És bem-vindo, Amor.


Comentários feitos lá naquele blog:

31.05.2008 è sempre bom abrir caminho pra ele... Ah, o amor! deixe entrar! E agarre-o, abrace-o, e deixe ser totalmente dele! Ah, tb quero! Beeeeeeeeeeeejo
Danilo

Definição (22 de abril de 2008)

É um quente amor sem relógio
mas que sabe-se findo
e mente-se, lindamente,
eterno.

É uma história de poucas palavras
mas que deixa a vontade
de ser lida e relida
continuamente.

É um encontro de olhares
e corredores
e águas.

É uma força contida em paz.

É um sonho lindo que se joga da cama
cai no chão
e não acorda.

É um romance distinto.
Diz-se O romance.
Maiúsculo,
reclamando sua posição.

É tudo novidade
e, ao mesmo tempo, filme já visto,
difícil de acreditar.

É um ator que pode estar enganado,
mas que engana, assim, o vazio da atriz.

É uma poesia ambulante
que não se completa,
se mistura.
E traz um tempero novo aos dias.

É a afirmação do sempre,
trazendo cor a essas noites cinzas.

É uma vida intensa em um só corpo,
o corpo que é nosso,
que, enquanto for nosso, nos pertence,
e é nossa história.

É uma só vida.
Agora.


Comentários feitos lá naquele blog:

26.04.2008 Então, dona Carola? Quem te escreve é o Vinícius, da Cênicas. Cheguei aqui por acaso. e que boa surpresa. boas palavras. volto outras vezes pra tomar chá! Abraço e beijo.
Marcus Vinícius Souza


23.04.2008 Palavras sempre bem colocadas, né dona? Adoro! Mao-lhe!
Danilo

Eu vou te botar num pote (16 de abril de 2008)

O que te prende?
O que me prende a ti?
O cheiro?
É o que te prende a mim?

O que nos une?
O que nos une assim?
É a delícia dos corpos?
É o desejo sem fim?

Será a beleza, o sorriso, o tato?
Será a presença? ou a voz? ou o lábio?
Será a vontade de ficarmos sós?
E, cada um, tão sozinho, compondo o "nós"?

O que te deixa,
o que te deixa aqui?
E, mesmo não estando,
me faz te encontrar em mim?

Vento-abraço (9 de abril de 2008)

E se tudo que eu puder abraçar,
pra manter em meu corpo a sensação
for o vento?

Eu não quero o vento frio da noite
O ar desse centro urbano
onde não crescem líquens.

Eu quero a brisa do mar
que me salga a pele e a boca.

E quando eu olho pro lado
um sorriso me encontra.

Tudo é paz.
Tudo é mar.

Tudo é aMAR.


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14.04.2008 cerejiiinha! =) vc é uma bela poetisa. saudades de vc! ^^ beijos! www.nahvili.blogspot.com
Livinha


09.04.2008 Eu conheço a flor... mas desconheço o peso do amor. E se pudesse controlar o vento...ele te abraçaria como? Abriu? Ou prefere o pássaro distante voando vacilante... Uma visita não pesaria...seria um pesar de penas de no maximo 21gs. Eu como tudo que vc escreve... poderia comer o que escreve com o vento da respiração ou o olho da emoção.
Peixuxa

T (23 de março de 2008)

Não consigo escrever seu nome.
E, ainda assim, ao meu redor, tudo te chama.
Tudo Te Tem.
Tic-Tac Traiçoeiro
ou Talvez Tímido.
Tão Triste.
Tranqüilo,
me dizem.
Teatro,
penso.
Como o que venho fazendo.
Mas, de tempos em tempos,
cai a máscara.
E derrete na água salgada que escorre do rosto.

Amor é a dor que o futuro incerto traz.


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26.03.2008 Estou de cara fechada, E apesar do meu T ser tranquilo... não é Teatral Dessa arte eu sofro sem sofrer. Espero rever-te ou rever-Te.
Peixuxa

Dor (18 de março de 2008)

Eu escuto meu avô chorando. Longe. Para um homem, até que já o vi chorar bastante.
Ele sacode a cabeça, enruga o rosto, chora se escondendo nas mãos. E solta um gemido que atravessa meu corpo.
"Ô, Pai... tsc"
O choro dele se parece com o meu quando não quero fazer barulho.Eu me pareço muito com o meu avô.
Será que, nesse instante, choramos juntos?
Lágrimas Sousa e Rodrigues que não querem cair. Que não tiram a dor no assoar do nariz. Essa dor que não diminui no desinchar dos olhos.
Ô, Pai...
...
...
...
Não!

O vento II (15 de março de 2008)

O ar que chegou ao pescoço
não era vento

sus...pi...ro...

Dele e meu, assim, mistos

UM

Por minutos, por vezes,
pra sempre

Um sempre que acaba, mas que vale cada minuto de existência.

Didgeridoo digerido (12 de março de 2008)

Digerido
Di[d]gerido[o]
Didgeridoo
D
O

Do
didgeridoo digerido,
um vento infinito.
Do
sopro no oco,
alimento é servido.

UOUMM
OOAAAUU
DI-DGE-RI-DOO!
DI-DGE-RI-DOO!

Sacia, espírito
Vibra alto em multisom

O ar no homem
A boca no oco
E há música no espaço.

O ciclo é vida
RespiraçOM.


Comentários feitos lá naquele blog:

14.03.2008 Digerindo o did gerin do or die? Die and listen to the Onipresente som da digestão. E depois sempre volta a fome O ciclo obriga que as órbitas se esbarrem. E não me xingue, Poeta.
vinicius

Saudade vermelha II (29 de fevereiro de 2008)

Seu cheiro chega mais forte...
Mais forte...
Já é quase embriaguez...

Por que estou chorando?

EU TE AMO!


Coloca mais urucum na minha testa
Me dá ar!

Pre....ci....so....
(desse impreciso)

Ela e as nuvens (27 de fevereiro de 2008)

Ela procurou figuras nas nuvens. E não as viu. Preocupada, foi ao mar onde vive o amigo peixe, que tem todas as respostas (até para coisas que não são perguntas). Ele está no mar, entenda bem, porque peixe assim não cabe em aquário.
Pois bem, ouviu dele que, quando parasse de querer ver figuras, naturalmente as veria. Mas agora, sempre que olha para o céu, ela acaba procurando figuras, ainda preocupada em saber por que foi que elas sumiram.
"Não vejo sequer um carneirinho!! Ou um algodão-doce, que tanto se assemelha a nuvens. Há mesmo quem pense que desse açúcar fofo é que elas são feitas... E eu não vejo nada..."
Ela não quer constatar nada. Não quer se precipitar e dizer que... acabou a criatividade! Shhh!!! Se ela ouvir, vai sentir um nó na garganta e uma vontade de gritar e chorar e dormir. Dormir? É... Como fuga da realidade. Falando nisso, até seus sonhos parecem tão reais ultimamente... Há ainda ilusões e desejos, mas nada que machuque, nada que comprometa o desenho que ela pintou para si. Lágrimas borram pinturas, sabia? Ela não vai se permitir estragar esse quadro tão lindo.
Ela compreende, afinal.
E daí que não há, nesse quadro, nuvens com formato de mamíferos ou alimentos? Nuvens tampam o sol! Ela quer mais é que as nuvens desapareçam!
"Eu consigo ver o coelho na lua! Eu leio livros e crio histórias e danço sem música! Eu tenho CRI-A-TI-VI-DA-DE!"
Satisfeita com sua conclusão, ela sorri.


Comentários feitos lá naquele blog:

01.03.2008 Ah! Amei! Fiquei fã e quero transformar essa historinha em teatro! Vamos???
Danilo


28.02.2008 mui bueno!
Renhe

Saudade vermelha (7 de fevereiro de 2008)

Porque saudade não é lembrança.
Ah, não. Mera lembrança não traz esse aperto.
Saudade não é vontade.
Vontade passa - ou porque sabe-se certo o encontro ou porque esquece-se o pensamento. Saudade não passa. Ou custa.
E aí a gente acorda e a roupa de cama cheira urucum. Urucum tem cheiro? Sim, para mim. Urucum tem um cheiro doce, cheio de mar, de vento, de ar, de falta de ar.
E o cheiro invade os pulmões e os alvéolos e faz hematose, indo, pelo sangue, ao cérebro, revivendo todas aquelas lembranças. E o corpo todo se contrai. Lembrança passa a ser saudade.

Por que saudade não é lembrança?
Melhor seria saber data para o reencontro. E sentir ansiedade, sentir falta, sentir saudade esperançosa. Mas saudade assim, sem o mínimo indício de rever, é apertada como espartilho.

Eu quero o cheiro que me deixa com a pele vermelha. Eu quero o urucum que passa de um corpo para o outro.

No meio de tanta poluição, sentir o cheiro de um príncipe
Ela sabia que seria assim
O perguntara um dia antes
Ele dissera que sim

Como pode, doce aroma
quilômetros atravessar
E, sem a mínima licença,
em seu quarto penetrar?

O vermelho que não toma forma
Sentir o toque de dentro pra fora
E ansiar pelo tato transmutante
não no futuro, mas agora

Lhe é permitido sonhar?
Fora assim invadida
Sinapses a desejar
Didgeridoos pelo resto da vida.



Quero a fuga para o universo paralelo que enviou aquele ser.


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11.02.2008 Bom, hein?! Dorei! Deveras! Agora quero mais! E mais! E Mais...
Danilo

O vento (27 de dezembro de 2007)

Era um tempo de calmaria e um vento leve passou pela embarcação. Era perceptível, mas não se tinha noção de sua grandiosidade.
Ao longo de uma sempaa todos puderam sentir mudanças no ar. O vento havia deixado tudo mais leve, uma temperatura mais amena, uma vontade de dançar.
Há quem diaga que realmente havia dança por parte de alguns na tripulação. Dança escondida, embuída pelo secreto desejo de que a vida fosse assim pra sempre. Leve, agradável, calma.
Quando descobriu-se a causa das mudanças, quando a felicidade foi atribuída ao vento, alguns se desesperaram "E quando o vento se for? E quando desembarcarmos?", alguns se recusavam a acreditar "Não é possível que seja apenas o vento.", alguns fizeram de tudo para segurar qualquer brisa, engarrafá-la, guardá-la no côncavo das mãos unidas "Preciso do vento! Sem ele, nada serei!".
Eu deitei no convés, e sorri ao vento. Ele se agradou de mim.
Eu respirei fundo. O vento estava agora dentro de mim.
Quando ele se for, parte dele estará em meus pulmões, me dando vigor, me fazendo dançar da popa à proa sem cansar. E, se for um vento sazonal, sentirei seu toque novamente. Não há nada que eu possa fazer para detê-lo. Detenho-me, portanto, apenas sentindo-o. Sem posse alguma, sem ambição ou plano nenhum, nos temos. Sem amarras, sem datas, sem busca. Amor não é certeza, não é posse. Amor é o bem que o vento faz.

No centro (20 de dezembro de 2007)

O cheiro da lembrança
O cheiro do passado próximo
e do distante.
É esse o cheiro dos homens que tive.
É o cheiro do errado.
O cheiro da aceitação.
O cheiro da farra, da festa
e da calma.
É o cheiro da compartilhação.
O cheiro de viagens,
de mãos, de hálitos.
É o cheiro do gosto.
Maconha.

A bela mochila amarela (18 de dezembro de 2007)

Uma mochila!
Uma mochila!
Uma bela mochila!
Amarela mochila!

Ganhei uma mochila tão linda e amarela
Tãããão bela!
Posso guardar minhas roupas,
posso levar pra acampar,
posso jogar tantas tralhas,
posso ir já viajar!

Blusas e calças e shorts e saias
Biquinis, toalha, cremes e meias
Calcinha, maquiagem, perfume, o que falta?
O que cabe nela?
Cabe tudo na bela mochila amarela?

Caberão os livros? os cds?
A lanterna e os primeiros socorros?
Caberão os bens de valor?
Caberá o amor?

Os amores...?

-Não exagera! São só 38 litros!
;)

(15 de dezembro de 2007)

Tu fuma?
Tu fede.

Me perco (10 de dezembro de 2007)

entre o poeta e o humano
entre o sagrado e o profano.


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10.12.2007 É uma bela perdição
E¢£¡þ§e¤ £Ð¢¤

Mar da noite (26 de novembro de 2007)

O mar destrói
Lentamente
O mar traz pedaços
Novamente

Deitada na praia
Os olhos no nada
(mentira! eu já esperava)
Eis que me alcançam:
pedras de gelo que um dia eram brasas.

Aos poucos derretem
(ou fingem derreter)
e me trazem paz.
E na próxima onda se vão.

Fico na areia a tocar,
com delicadeza e vontade,
a Lua com olhos de vidro.

A vida toda é mar.


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04.12.2007 "pedras de gelo que um dia eram brasas" enigmático não? gosto desses poemas sem métrica e de frases curtas!
Canêdo

Estrada (19 de novembro de 2007)

Não acabava
Nem a estrada
Nem a saudade

Acabou
A estrada.




"Se fosse a saudade
Mas são teus olhos,
Que me seguem,
Que me cegam

Eu,
Quero ver até onde eu puder
Viver atropelando sem pensar
Eu já pensei demais..."

(Ivan Parente)


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22.11.2007 A estrada não acabou...so acaba se acaba a saudade..
peixuxa


20.11.2007 Han!!!!!! Já vi que somos duas que se aventuram a inventar poesia! Bjs!!
Sofia

Abacaxi II (14 de novembro de 2007)

Mas então eu me lembro:
abacaxi me faz arder os lábios.

E já que não sei dizer não a uma bela fatia
que bom que não sobrou fatia nenhuma.

Não quero nem olhar.
Hoje não irei à feira.

Abacaxi (13 de novembro de 2007)

Olha o abacaxiii
Abacaxiii
Pode olhar à vontade, freguesa!

Olhar.
Não tocar
Não comer
Não ter

Olhar apenas

Hoje, nem isso.

A bomba (7 de novembro de 2007)

Como uma bomba caseira de pregos.
Quando explodiu, feriu a muitos ao redor.
Pregos pontiagudos
enferrujados.

A explosão era iminente.
E não a pararam.

A explosão era necessária
naqueles tempos de guerra fria.

Mas uma bomba assim é golpe baixo.
Havia métodos mais indolores.
Mas já foi.
Não adianta chorar a bomba derramada.

Bomba caseira assimnão escolhe hora nem lugar para explodir.

O homem de pedra foi atingido
e fugiu.
E não volta mais lá.
Não. Não volta.

A bomba. Fui eu.
A boba. Fui eu.


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07.11.2007 Não.. Pregos não furam pedra... Mas arranham...
Dona Carola


07.11.2007 Bombástico. Drástico e dramático. Mas podem pregos furar a pedra? Carola que querela... a bomba da gente é o preto e branco na aquarela! Poeta, Poetisa. Ganhou seu lugar... Minhas congratulações e louvores! Pois hoje li os verbos sagrados com o qual extravasastes a fio de ouro da mais derradeira profundeza.
vinícius(laluxa)

One black Monday... (29 de outubro de 2007)

É engraçado, mas segunda-feira se tornou meu dia preferido...
É o único dia que dá pra respirar.

E mesmo assim, nessa segunda-feira está tudo mais pesado. Denso. É aquele velho sentimento de não saber o que vai acontecer; de ter mãos atadas e nada poder fazer até ver a vida desenrolar o nó que ela mesma deu. Eu sou expectadora. Mas o drama me envolve, me instiga, me aperta o peito.

E, como num seriado de TV, um capítulo puxa o outro e o desenrolar dessa história não se decide hoje. Amanhã? Quem sabe?

Quem sabe até se meu peito vai agüentar de tanto querer saber do final?
"E o fim é belo incerto, depende de como você vê..."
Realmente...

[Ah! Deixa-me a ler a última página desse livro!
Deixa-me dormir em paz!
Não quero, por outra noite, deitar só ao nascer do sol
Não quero escrever de ti,
Essa narrativa me cansa!
Esse enredo, já sei de cor!
Não aceito, não tomo parte, não convém a mim sofrer
Está crescendo, sufocando, vem saindo pela boca
Como um vômito, como um grito,
Como libertação
Falo, nada temo
De qualquer forma será o fim
De uma era, de um começo que não vingou
De qualquer forma será bem vindo
Mas traz logo esse acalanto que minh'alma pede
Não me negue saber como termina esse romance
Ah, deixa-me ler a história da minha vida...]


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31.10.2007 A gente lê a linha enquanto a mão, nossa mesma, traça! Que agonia a segunda de Carola, sendo a primeira razão o autor e ator que somos: te coloco fantasiada de acacia família Leguminosae e a subfamília Mimosoideae.Um mimo suas letras mesma na negritude da incerteza. Que a fantasia e o coração coloram sempre a Dona em questão!
vinícius(laluxa)

O Pedido de Gaia (29 de outubro de 2007)

Do norte ao sul Gaia canta
Ecoa por toda Terra:
"Filhos meus, chega de fome
De destruição e guerra!

Minhas lágrimas não bastam
Para encher de volta o rio
O planeta se aquecendo
Mas nos corações há frio"

Tanta gente sai de casa
Com medo da violência
Saibam cultivar a paz
Nessa Gaia-residência

O que falta de alimento
Sobra de devastação
Soja para os bovinos
Brasileiros sem feijão

Tudo é uma mesma casa
Cabe a todos nós zelar
Pela flora que nos cerca
Pela fauna do lugar

Não há todo sem a parte
Cada um tem seu papel
Gaia pede que cuidemos
Do solo, da água e céu

"Filhos meus, pensem nos seus
O que deixarão de herança?
Um mundo de pesadelos
Ou de sonhos de criança?"

Palhaço (12 de setembro de 2007)

Ó, homem de face tingida
por tinta, por rugas, por luta, por vida
Por ti as crianças se perdem no rir
Se entregam e juramcontigo fugir

Sorrisos chegando às dúzias
Em caixas que valem milhões
E quando tu abres as caixas
Os homens se esquecem que existem canhões.

A face tem cor
As vestes têm cor
A vida tem cor onde estás.

Palhaço é autor,
homem sonhador,
de um mundo onde nada é demais.

E mesmo ao deixares de lado
Teu nariz vermelho ao findar o dia
Carregas contigo uma essência
Que deixa, onde passas, pingos de alegria.

E mesmo tirando peruca e
pintura e roupa e tirando os sapatos
Crianças do mundo, ao te verem
Apontam, sorrindo, "Olha lá o palhaço!"


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14.09.2007 ahhhhhhhhh eh nosssssss trupeeeeeeee invasão de palhaços sábado!!!!
Cris

Dona Carola e nenhum marido (24 de setembro de 2007)

E aí eu me pergunto: "Por que não eu? Ah, ah... Por que não eu?"
Hoje vejo Fulano vivendo um amor que merece declaração na internet, foto e tudo mais.
Não foi assim comigo.
O Sicrano vive a esperar por uma mocinha e é capaz até de fugir para ficar com ela.
E ela não sou eu.

O que eu quero, é alguém que espere por mim. Não necessariamente alguém que fique comigo, mas que sinta saudades e que me dê aquela sensação de "não estamos juntos hoje, mas sei que vamos acabar juntos...". Alguém que me beije sempre que nos virmos. Alguém que diga que sou eu quem ele ama. Alguém que ouça dos amigos "Você e a Carola dão tão certo... É com ela que você tem que ficar."

Droga. Não é o nome "Carola" que Fulano e Sicrano ouvem. Não é na Carola que eles pensam. Nem Carola sabe é um deles que ela gostaria de amar à distância.
Então por que essa dor?
É ciúme, sim. Inveja, até. Vai dizer que eu não mereci as fotos e declarações? Nem uma música eu ganhei... Agora sinto que eu só assistia da platéia... Não subi no palco hora nenhuma. Ele não deixou? Eu não mereci? O que há de errado comigo??
E com Sicrano? "Tudo foi breve e definitivo" (Drummond). Muito breve. E muito mais ainda definitivo. Por que não é por mim que ele espera? Por que não é de nós que ele diz sentir ainda não ter acabado?

Será possível que não vou marcar ninguém nesse mundo?
Será que não vou ter nenhum rolo mal resolvido para onde meu coração possa sempre correr?
Será que, em lugar nenhum dessa Terra, vai ter alguém que me espere voltar??


Me volto para mim mesma. E me amo. Eu mereço esse amor.

Conselhos aos que sofrem por "amor" (23 de agosto de 2007)

Dizem que um novo amor faz esquecer um amor antigo. Não é verdade.
Mas, também, não é de todo falso.

O que faz passar aquela dor não é encontrar outra pessoa. Aquela dor nem era por causa do ex. Aquela dor é a falta de amor. Não é saudade, não é falta dele. É falta de ter com quem dividir seu amor.
O nome do sujeito é apenas o objeto direto da oração. Ele dizia que te amava, você dizia o amar, e tudo parecia ser feliz para sempre. Aí acabou e você se viu sem chão, jurando nunca mais amar ninguém na vida.
Mas passa.
E só passa, de fato, quando você se vê amando outra pessoa. Não quer dizer que você esqueceu, ou que não sente mais saudade, mas que o vazio foi preenchido.
Aí você percebe (ou não, mas não faz diferença, porque você já pode sorrir novamente) que seu ex era apenas outro preenchedor de vazio, outro objeto direto da vontade de amar.

A gente precisa ter alguém por quem suspirar, alguém pra escrever "Carola e ...", alguém pra lembrar ao ouvir aqueeela música, alguém por quem esperar, até alguém por quem sofrer. O fato é que a gente não fica bem sozinho.
Se é Carola e João, ou Carola e José, não importa. Carola precisa de um complemento para o "e".
É assim com Carola, é assim com todos nós.
É por isso que tantas pessoas se sujeitam a relacionamentos atribulados, cheios de brigas, discussões e ciúmes. Não é por amar aquela pessoa mais do que tudo no mundo. É por ter uma imensa necessidade de companhia, de ter com quem dividir a escova de dente.

Um novo amor é, na verdade, uma nova chance de amar, de se entregar, de escrever bilhetinhos para ele achar depois, de acreditar que, dessa vez, vai dar certo.

E vale a pena.
É essa esperança que nos faz continuar.

Esqueça o ex, se arrume e saia para dispersar amor! O que você quer não é ELE; é AMAR.
Encontre um novo objeto direto e chega de pretéritos imperfeitos!


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24.08.2007 Obrigada pela força dona carola!!!! Realmente ele não é válido, é um daqueles amores impossíveis!!! Bjsss!!!!
Adriana


23.08.2007 ahhhhhhhhhhhhhhhhh e eu acho sabe que o nome eh o de menos sabe... por isso que as vezes eu confundo... ahhhhhhhhhhhhhh to tao apaxonada hauhauhaua
Cris*


23.08.2007 Querida Carola!!!! Lindas palavras as suas!!!! Realmente como viver sem ter "alguém por quem suspirar"?? Bjsss!!!
Adriana

Livro velho é que faz história boa (25 de julho de 2007)

Ah, esses livros antigos... Já de páginas amareladas. Por quem antes lidos?
Com curiosidade retiro um livro da estante. Com respeito o abro e folheio, à procura - inconsciente - de sinais, rabiscos, anotações que me revelem quem já esteve em contato com aquele livro.
Grifos.. Os adoro! As frases que tocaram, lá estão em destaque e, em neon estariam, se fosse possível.
Marcadores... Há quantos anos esquecidos? Às vezes não mais que pedaços de papel, lá deixados de improviso. Será que o telefone tocou quando alguém lia e, para não perder onde havia parado, se serviu de pedaço de jornal? E por que a folha lá ficou? A leitura foi interrompida perpetuamente?
Parece a letra da minha tia, ou seria da minha mãe? O livro é da minha avó, que, de costume, assina e data a contra-capa. Elas já liam Drummond... Por que não eram essas minhas histórias de ninar? Ah, Drummond...

Páginas antigas de livros de sebo me atraem... Livros novos dão alegria aos olhos, mas livros velhos enchem a alma. E, na primeira página, um nome que não é o de minha avó. Pertenceu a um desconhecido... Por que se desfazer de um livro?
Aos sete anos mudei para um apartamento e, dentro do ármario, deixada pelo antigo dono do imóvel, uma coleção de Monteiro Lobato... O Sítio do Pica-Pau Amarelo estava em minha casa!! E eu não podia compreender como alguém muda e não carrega tais preciosidades consigo! Acontece que hoje não faço idéia do que aconteceu com essa coleção... Provavelmente ficou no mesmo armário onde a encontrei anos atrás. Espaço físico é fator limitante para os livros. Se fosse um arquivo "zipado", talvez os volumes ainda estivesse comigo. Mas arquivos de computador não amarelecem as páginas... Não carregam comentários, grifos, assinaturas, números de telefone na última página, preços, operações matemáticas, cheiro que guardado, furinhos de traça.

Livros antigos carregam anos consigo. Carregam vida. Carregam histórias. Mais que literalmente.


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11.08.2007 Unhhh...sabe que até hoje eu guardo alguns poemas seu?
Fernando

Lendas, Liras e Leões (3 de julho de 2007)

Lindos Loucos me Levam Leve
Lançam Linha se Ligando ao meu Lado
Lembra a Lua Longe Lá no Limbo
Lentamente o Leito Livre Largam

Locos, Lugares de Luz
Lápis e Lições de Lã
Lírios Leves são Levados ao Lar

Lendas, Liras e Leões
Lembro sem me Lamentar
Líquido Lavando a Letra Lunar


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24.07.2007 caroool. =) vc q escreveu esse poema?! lindo poema! Lindo! com 'L' maiúsculo! ;D beeejos linda! ^^ www.fotolog.com/nahvili
Lívia


04.07.2007 os "L" da minha vida!!!! fico lindo carol preta hehehheheheh se encaixa em muitas coisas... hehehe
cris

Nando Reis (1 de julho de 2007)

Eu quero cabelos vermelhos se, assim, ele cantar para mim.

Ele me fez chorar de amor. Ele me fez chorar de vontade de ter alguém que eu pudesse amar como ele ama sua ruivinha.
"Eu quero um filho!", eu disse.
"Eu quero um pai!", ela disse.
E meu coração se espatifou.
Como é duro ouvir isso de alguém que tem em casa uma figura paterna, mas não sente assim a respeito dele. Ai, deve ser vazio. Meu pai nunca foi muito pai mesmo. Nunca duvidei de seu amor, mas a presença paterna foi preenchida por tio, avô. Pai-pai eu não tive. Ela sempre teve seu "pai" perto e só há pouco tempo descobri que eles não se dão, que existe um véu entre eles. Intransponível? Espero que não...

Há muito quero um filho. Acho que é daquelas coisas que a gente sabe que não pode ter e, isso faz querer mais ainda. Fiquei arrasada ao calcular a idade quando estarei pronta para a maternidade. Falta horrores. E já terei passado tanto dos 24 anos quando, aos 15, planejava ser mãe.
Já pensei que a gente não sente falta daquilo que nunca teve. Só agora me dei conta de que isso não é verdade. Eu quero um filho. Ela quer um pai...

E o moço dos cabelos ruivos cantava. E eu chorei de amor. E de tristeza. E de dor-de-não-há-nada-que-eu-possa-fazer.


"Não sei se o mundo é bom
Mas ele ficou melhor
Quando você chegou e perguntou:
Tem lugar pra mim?"

Aí deu tanta vontade de ter alguém que cantasse isso para mim.
Alguém que quisesse entrar e ficar em minha vida.
Tem lugar sim!, eu diria.

Eu quero um filho e um amor. Um amor novo e gigante. Ou um velho e inacabável.


E quero amigos como a garota que quer um pai.
E, ao ouvir "Preciso dela/ Só dela/ Com ela/ Eu vou", não vi um homem cantando para uma mulher, mas me vi cantando para uma amiga parceira, sem a qual já não me imagino. Quis dizer-lhe como me agrada sua companhia, como já se tornou essencial. Não sei por que não disse. Bem, agora você sabe, não é, Dinha?

Eu quero um filho, um amor e amigos verdadeiros.

Mas, por enquanto, me contento apenas com um cd do Nando Reis, que me faça lembrar da noite de ontem.



[Certa estava a Parreira quando disse que queria se casar com ele. E eu não entendia, porque não sabia como é doce a voz daquele homem! Certa estava ela...]


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01.07.2007 AAHHHHHHHHHHHHH CAROLA ASSIM NUM VALE!!!!! VOCÊ ME FEZ CHORAR!!!!!!1 SUA CHATA!!!!!!! TE DETESTO!!!! TO ZUANDO AMO VC TAH ..... BJO GORRRRRRDA
Cris

Há um ano... (20 de junho de 2007)

Há um ano assinei minha sentença. Fui até lá e contraí uma gripe que se curou. E um amor que não acaba.
Há um ano eu escolhi fazer de uma pessoa mais que um conhecido, que um contemporâneo dos tempos da faculdade.
Há um ano fui lá "ver no que dava".
Deu em muita coisa.

Há um ano eu fiz de um rapazinho de apelido estranho o protagonista de vários sonhos, o motivo de vários choros de saudade, companhia de tantas horas, o parceiro de muitas danças, a inspiração de meus poemas...
Não durou um ano, mas, com certeza, me marcou para a vida inteira. E, por mim, se durasse a vida inteira, seria muito bem-vindo.

Com saudade hoje lembro daquele dia e do tanto que coube em um ano. Em um ano coube Outubro... Coube o "Eu te amo" mais fora de hora e mais lindo do mundo. Coube tantas sertanejas babando na beira do palco. Coube acordar tantas vezes ao lado de Bob Marley. Coube amar de verdade. Coube o fim, de uma forma tão horrível - ai, como me arrependo. Coube brigas infundadas e desgastantes. Coube o maior medo do mundo: medo de não sobrar nada, nem amizade, nem carinho, nada.

Algumas coisas passam. Outras se transformam. Aos dias ruins, dou adeus. E a necessidade de tê-lo dá lugar a um carinho imenso. Na lembrança ficam as músicas, tantas músicas que, para mim, sempre serão dele. Ficam as imagens que as fotografias não registraram.

Entre os objetos, fica o fio de cabelo que não consegui jogar fora. Aquele cabelo pretinho, pretinho... Mais lindo do mundo... Fica o cd que me diz que a saudade ainda vai bater no teto...
Aqui dentro fica a forte vontade de vê-lo de novo...
"Como será quando a gente se encontrar?"

Há um ano, com um beijo, selei um contrato de amor.
Foi há um ano...
Mas é para sempre.
É um amor que se transforma em outros tipo de amor, mas que não acaba nunca.

Marcante como nenhum outro.
Obrigada por ter me suspendido aquele dia, Coração.