31 de dezembro de 2008

24 de dezembro de 2008

Fliga na barriga

Antes de ver escrito, a gente pensa que muita coisa é o que não é. As palavras dão um outro olhar sobre as coisas e, às vezes, tiram grande parte da graça.
Meu irmão, com uns 6 anos, perguntou se falava 'figa da barriga' ou 'fliga na barriga' quando a gente descia um morro de carro. E a gente fez o favor de estragar todo neologismo infantil dele contando que o certo era 'frio na barriga'.

Mas, meu querido Rafael, hoje eu te entendo. Frio na barriga é uma coisa. Fliga, é outra. E eu estou é com muita fliga na barriga! Eu falo do que desconheço, eu quero compartilhar o que estou sentindo aqui dentro. E não há Aurélio, Michaellis, Houaiss ou qualquer outro amiguinho que defina com precisão. Fico com a versão Rafaelis: fliga. Muita fliga na barriga, irmãozinho! Dessas que a gente sente quando tá descendo o morrão e acha uma delícia, mas não sabe qual parte é medo e qual é prazer.

Obrigada por me ensinar coisas da vida, meu anjinho.

23 de dezembro de 2008

Entre hibiscos e jasmins.

Hibisco
na última página de um livro tão meu.
Rabiscos,
verbos pequenos perto do que se viveu.

Palavras não bastam. Flor bastaria?

Hibisco é beleza que marca,
que pensa que acaba,
que cabe na última página.

Jasmim é Plumeria alba, maciez pura.
Antes, desconhecido aroma,
aos meus olhos, rara.
Não caberia em nenhuma página.

Cabe na vida.

(E ainda assim, palavras tentam contar...)

Hibisco é guardado como incerteza feliz que se viveu um dia.
Jasmim é lembrado como eternidade que cabe no agora.

E a maior beleza é estarem ambas flores nesse mesmo jardim.

Amor é a vida assim, por partes, de flor em flor.

21 de dezembro de 2008

O mar (11/12/2008)

Quando me falaram do mar
eu quis sorrir, mas tive medo.
Será que ia ser bom?
O que a gente inventa e acredita
nem sempre é o que é.
O jeito de saber?
Ver o mar. Abraçá-lo.
Voltar para casa em paz,
carregando qualquer certeza.

3 de dezembro de 2008

Coisas

Tem coisa que a gente tem sem querer ter.
Outras a gente quer ter e não tem.
Umas a gente acha que tem, mas nem tem.
Tem as que a gente acha que tem tanto que até reivindica direitos por elas.
Umas a gente tem e nem sabe que tem.
Tem coisa que faz bem pra gente.
Tem coisa que faz mal.

Tô tentando jogar uma coisa fora, mas não sei em que categoria se encaixa.
Talvez seja por isso que ela fica grudada em mim.
Meleca!