30 de junho de 2008

Livro velho é que faz história boa (25 de julho de 2007)

Ah, esses livros antigos... Já de páginas amareladas. Por quem antes lidos?
Com curiosidade retiro um livro da estante. Com respeito o abro e folheio, à procura - inconsciente - de sinais, rabiscos, anotações que me revelem quem já esteve em contato com aquele livro.
Grifos.. Os adoro! As frases que tocaram, lá estão em destaque e, em neon estariam, se fosse possível.
Marcadores... Há quantos anos esquecidos? Às vezes não mais que pedaços de papel, lá deixados de improviso. Será que o telefone tocou quando alguém lia e, para não perder onde havia parado, se serviu de pedaço de jornal? E por que a folha lá ficou? A leitura foi interrompida perpetuamente?
Parece a letra da minha tia, ou seria da minha mãe? O livro é da minha avó, que, de costume, assina e data a contra-capa. Elas já liam Drummond... Por que não eram essas minhas histórias de ninar? Ah, Drummond...

Páginas antigas de livros de sebo me atraem... Livros novos dão alegria aos olhos, mas livros velhos enchem a alma. E, na primeira página, um nome que não é o de minha avó. Pertenceu a um desconhecido... Por que se desfazer de um livro?
Aos sete anos mudei para um apartamento e, dentro do ármario, deixada pelo antigo dono do imóvel, uma coleção de Monteiro Lobato... O Sítio do Pica-Pau Amarelo estava em minha casa!! E eu não podia compreender como alguém muda e não carrega tais preciosidades consigo! Acontece que hoje não faço idéia do que aconteceu com essa coleção... Provavelmente ficou no mesmo armário onde a encontrei anos atrás. Espaço físico é fator limitante para os livros. Se fosse um arquivo "zipado", talvez os volumes ainda estivesse comigo. Mas arquivos de computador não amarelecem as páginas... Não carregam comentários, grifos, assinaturas, números de telefone na última página, preços, operações matemáticas, cheiro que guardado, furinhos de traça.

Livros antigos carregam anos consigo. Carregam vida. Carregam histórias. Mais que literalmente.


Comentários feitos lá naquele blog:

11.08.2007 Unhhh...sabe que até hoje eu guardo alguns poemas seu?
Fernando

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