30 de junho de 2008

O vento (27 de dezembro de 2007)

Era um tempo de calmaria e um vento leve passou pela embarcação. Era perceptível, mas não se tinha noção de sua grandiosidade.
Ao longo de uma sempaa todos puderam sentir mudanças no ar. O vento havia deixado tudo mais leve, uma temperatura mais amena, uma vontade de dançar.
Há quem diaga que realmente havia dança por parte de alguns na tripulação. Dança escondida, embuída pelo secreto desejo de que a vida fosse assim pra sempre. Leve, agradável, calma.
Quando descobriu-se a causa das mudanças, quando a felicidade foi atribuída ao vento, alguns se desesperaram "E quando o vento se for? E quando desembarcarmos?", alguns se recusavam a acreditar "Não é possível que seja apenas o vento.", alguns fizeram de tudo para segurar qualquer brisa, engarrafá-la, guardá-la no côncavo das mãos unidas "Preciso do vento! Sem ele, nada serei!".
Eu deitei no convés, e sorri ao vento. Ele se agradou de mim.
Eu respirei fundo. O vento estava agora dentro de mim.
Quando ele se for, parte dele estará em meus pulmões, me dando vigor, me fazendo dançar da popa à proa sem cansar. E, se for um vento sazonal, sentirei seu toque novamente. Não há nada que eu possa fazer para detê-lo. Detenho-me, portanto, apenas sentindo-o. Sem posse alguma, sem ambição ou plano nenhum, nos temos. Sem amarras, sem datas, sem busca. Amor não é certeza, não é posse. Amor é o bem que o vento faz.

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