30 de junho de 2008

Caminhantes (17 de junho de 2008)

Eles vinham caminhando juntos há dias. E parecia que já caminhavam há anos. Possuiam dentro de si um vigor que não permitia cansaço ou dor. Acontece que um dia, quase sem perceber, se aproximaram de uma fenda enorme no chão, que impedia-os de continuar. E se puseram a discutir: - Melhor voltarmos.
- Não é possível.
- É. Eu sei que não. A estrada atrás de nós nunca será a mesma.
- Não.
(Silêncio)
- Pularemos. É isso. É o fim.
- Pularemos, então... Mas não pode ser!
- Também não é o que eu queria.
- Como chegamos até aqui? Por que viemos parar nesse lugar? Não era esse o plano! Onde erramos??
- Não sei... Mas... Ninguém vai morrer por causa disso. Esta fenda significa que devemos nos separar. Pularemos. E, depois, cada um segue seu caminho.
- Tá...
E eles se abraçaram. E choraram. Feito crianças. Haviam decidido.
Então pularam. Mas eles desconheciam a força que possuiam. E, ao invés de caírem, alcançaram o outro lado. Se olharam, se abraçaram, sorrindo, ainda as faces molhadas de lágrimas.E uma nova caminhada se iniciou. Estavam certos de que o que os unia era grande demais para que se separassem ali.

Justificativa (30 de maio de 2008)

Não escrevo mais.
Não porque não quero, mas porque não posso.
Ele não me deixa escrever.
Vem travando minhas mãos.
A inspiração está toda aqui, mas ele não a deixa sair...
E pode parecer que isso seja uma coisa ruim, mas não é.
Escrever é um detalhe. É a exteriorização de algo muito mais profundo.
Ele me deixa sem tempo pra contar o que vem acontecendo.
E, mesmo assim, todo mundo fica sabendo o que se passa de dentro.
Na verdade, ele retira as palavras por serem essas desnecessárias.
Tudo é indizivelmente exposto.
Agora a busca por palavras é desperdício de tempo para sorrir.
Ele está aqui.

És bem-vindo, Amor.


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31.05.2008 è sempre bom abrir caminho pra ele... Ah, o amor! deixe entrar! E agarre-o, abrace-o, e deixe ser totalmente dele! Ah, tb quero! Beeeeeeeeeeeejo
Danilo

Definição (22 de abril de 2008)

É um quente amor sem relógio
mas que sabe-se findo
e mente-se, lindamente,
eterno.

É uma história de poucas palavras
mas que deixa a vontade
de ser lida e relida
continuamente.

É um encontro de olhares
e corredores
e águas.

É uma força contida em paz.

É um sonho lindo que se joga da cama
cai no chão
e não acorda.

É um romance distinto.
Diz-se O romance.
Maiúsculo,
reclamando sua posição.

É tudo novidade
e, ao mesmo tempo, filme já visto,
difícil de acreditar.

É um ator que pode estar enganado,
mas que engana, assim, o vazio da atriz.

É uma poesia ambulante
que não se completa,
se mistura.
E traz um tempero novo aos dias.

É a afirmação do sempre,
trazendo cor a essas noites cinzas.

É uma vida intensa em um só corpo,
o corpo que é nosso,
que, enquanto for nosso, nos pertence,
e é nossa história.

É uma só vida.
Agora.


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26.04.2008 Então, dona Carola? Quem te escreve é o Vinícius, da Cênicas. Cheguei aqui por acaso. e que boa surpresa. boas palavras. volto outras vezes pra tomar chá! Abraço e beijo.
Marcus Vinícius Souza


23.04.2008 Palavras sempre bem colocadas, né dona? Adoro! Mao-lhe!
Danilo

Eu vou te botar num pote (16 de abril de 2008)

O que te prende?
O que me prende a ti?
O cheiro?
É o que te prende a mim?

O que nos une?
O que nos une assim?
É a delícia dos corpos?
É o desejo sem fim?

Será a beleza, o sorriso, o tato?
Será a presença? ou a voz? ou o lábio?
Será a vontade de ficarmos sós?
E, cada um, tão sozinho, compondo o "nós"?

O que te deixa,
o que te deixa aqui?
E, mesmo não estando,
me faz te encontrar em mim?

Vento-abraço (9 de abril de 2008)

E se tudo que eu puder abraçar,
pra manter em meu corpo a sensação
for o vento?

Eu não quero o vento frio da noite
O ar desse centro urbano
onde não crescem líquens.

Eu quero a brisa do mar
que me salga a pele e a boca.

E quando eu olho pro lado
um sorriso me encontra.

Tudo é paz.
Tudo é mar.

Tudo é aMAR.


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14.04.2008 cerejiiinha! =) vc é uma bela poetisa. saudades de vc! ^^ beijos! www.nahvili.blogspot.com
Livinha


09.04.2008 Eu conheço a flor... mas desconheço o peso do amor. E se pudesse controlar o vento...ele te abraçaria como? Abriu? Ou prefere o pássaro distante voando vacilante... Uma visita não pesaria...seria um pesar de penas de no maximo 21gs. Eu como tudo que vc escreve... poderia comer o que escreve com o vento da respiração ou o olho da emoção.
Peixuxa

T (23 de março de 2008)

Não consigo escrever seu nome.
E, ainda assim, ao meu redor, tudo te chama.
Tudo Te Tem.
Tic-Tac Traiçoeiro
ou Talvez Tímido.
Tão Triste.
Tranqüilo,
me dizem.
Teatro,
penso.
Como o que venho fazendo.
Mas, de tempos em tempos,
cai a máscara.
E derrete na água salgada que escorre do rosto.

Amor é a dor que o futuro incerto traz.


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26.03.2008 Estou de cara fechada, E apesar do meu T ser tranquilo... não é Teatral Dessa arte eu sofro sem sofrer. Espero rever-te ou rever-Te.
Peixuxa

Dor (18 de março de 2008)

Eu escuto meu avô chorando. Longe. Para um homem, até que já o vi chorar bastante.
Ele sacode a cabeça, enruga o rosto, chora se escondendo nas mãos. E solta um gemido que atravessa meu corpo.
"Ô, Pai... tsc"
O choro dele se parece com o meu quando não quero fazer barulho.Eu me pareço muito com o meu avô.
Será que, nesse instante, choramos juntos?
Lágrimas Sousa e Rodrigues que não querem cair. Que não tiram a dor no assoar do nariz. Essa dor que não diminui no desinchar dos olhos.
Ô, Pai...
...
...
...
Não!

O vento II (15 de março de 2008)

O ar que chegou ao pescoço
não era vento

sus...pi...ro...

Dele e meu, assim, mistos

UM

Por minutos, por vezes,
pra sempre

Um sempre que acaba, mas que vale cada minuto de existência.

Didgeridoo digerido (12 de março de 2008)

Digerido
Di[d]gerido[o]
Didgeridoo
D
O

Do
didgeridoo digerido,
um vento infinito.
Do
sopro no oco,
alimento é servido.

UOUMM
OOAAAUU
DI-DGE-RI-DOO!
DI-DGE-RI-DOO!

Sacia, espírito
Vibra alto em multisom

O ar no homem
A boca no oco
E há música no espaço.

O ciclo é vida
RespiraçOM.


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14.03.2008 Digerindo o did gerin do or die? Die and listen to the Onipresente som da digestão. E depois sempre volta a fome O ciclo obriga que as órbitas se esbarrem. E não me xingue, Poeta.
vinicius

Saudade vermelha II (29 de fevereiro de 2008)

Seu cheiro chega mais forte...
Mais forte...
Já é quase embriaguez...

Por que estou chorando?

EU TE AMO!


Coloca mais urucum na minha testa
Me dá ar!

Pre....ci....so....
(desse impreciso)

Ela e as nuvens (27 de fevereiro de 2008)

Ela procurou figuras nas nuvens. E não as viu. Preocupada, foi ao mar onde vive o amigo peixe, que tem todas as respostas (até para coisas que não são perguntas). Ele está no mar, entenda bem, porque peixe assim não cabe em aquário.
Pois bem, ouviu dele que, quando parasse de querer ver figuras, naturalmente as veria. Mas agora, sempre que olha para o céu, ela acaba procurando figuras, ainda preocupada em saber por que foi que elas sumiram.
"Não vejo sequer um carneirinho!! Ou um algodão-doce, que tanto se assemelha a nuvens. Há mesmo quem pense que desse açúcar fofo é que elas são feitas... E eu não vejo nada..."
Ela não quer constatar nada. Não quer se precipitar e dizer que... acabou a criatividade! Shhh!!! Se ela ouvir, vai sentir um nó na garganta e uma vontade de gritar e chorar e dormir. Dormir? É... Como fuga da realidade. Falando nisso, até seus sonhos parecem tão reais ultimamente... Há ainda ilusões e desejos, mas nada que machuque, nada que comprometa o desenho que ela pintou para si. Lágrimas borram pinturas, sabia? Ela não vai se permitir estragar esse quadro tão lindo.
Ela compreende, afinal.
E daí que não há, nesse quadro, nuvens com formato de mamíferos ou alimentos? Nuvens tampam o sol! Ela quer mais é que as nuvens desapareçam!
"Eu consigo ver o coelho na lua! Eu leio livros e crio histórias e danço sem música! Eu tenho CRI-A-TI-VI-DA-DE!"
Satisfeita com sua conclusão, ela sorri.


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01.03.2008 Ah! Amei! Fiquei fã e quero transformar essa historinha em teatro! Vamos???
Danilo


28.02.2008 mui bueno!
Renhe

Saudade vermelha (7 de fevereiro de 2008)

Porque saudade não é lembrança.
Ah, não. Mera lembrança não traz esse aperto.
Saudade não é vontade.
Vontade passa - ou porque sabe-se certo o encontro ou porque esquece-se o pensamento. Saudade não passa. Ou custa.
E aí a gente acorda e a roupa de cama cheira urucum. Urucum tem cheiro? Sim, para mim. Urucum tem um cheiro doce, cheio de mar, de vento, de ar, de falta de ar.
E o cheiro invade os pulmões e os alvéolos e faz hematose, indo, pelo sangue, ao cérebro, revivendo todas aquelas lembranças. E o corpo todo se contrai. Lembrança passa a ser saudade.

Por que saudade não é lembrança?
Melhor seria saber data para o reencontro. E sentir ansiedade, sentir falta, sentir saudade esperançosa. Mas saudade assim, sem o mínimo indício de rever, é apertada como espartilho.

Eu quero o cheiro que me deixa com a pele vermelha. Eu quero o urucum que passa de um corpo para o outro.

No meio de tanta poluição, sentir o cheiro de um príncipe
Ela sabia que seria assim
O perguntara um dia antes
Ele dissera que sim

Como pode, doce aroma
quilômetros atravessar
E, sem a mínima licença,
em seu quarto penetrar?

O vermelho que não toma forma
Sentir o toque de dentro pra fora
E ansiar pelo tato transmutante
não no futuro, mas agora

Lhe é permitido sonhar?
Fora assim invadida
Sinapses a desejar
Didgeridoos pelo resto da vida.



Quero a fuga para o universo paralelo que enviou aquele ser.


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11.02.2008 Bom, hein?! Dorei! Deveras! Agora quero mais! E mais! E Mais...
Danilo

O vento (27 de dezembro de 2007)

Era um tempo de calmaria e um vento leve passou pela embarcação. Era perceptível, mas não se tinha noção de sua grandiosidade.
Ao longo de uma sempaa todos puderam sentir mudanças no ar. O vento havia deixado tudo mais leve, uma temperatura mais amena, uma vontade de dançar.
Há quem diaga que realmente havia dança por parte de alguns na tripulação. Dança escondida, embuída pelo secreto desejo de que a vida fosse assim pra sempre. Leve, agradável, calma.
Quando descobriu-se a causa das mudanças, quando a felicidade foi atribuída ao vento, alguns se desesperaram "E quando o vento se for? E quando desembarcarmos?", alguns se recusavam a acreditar "Não é possível que seja apenas o vento.", alguns fizeram de tudo para segurar qualquer brisa, engarrafá-la, guardá-la no côncavo das mãos unidas "Preciso do vento! Sem ele, nada serei!".
Eu deitei no convés, e sorri ao vento. Ele se agradou de mim.
Eu respirei fundo. O vento estava agora dentro de mim.
Quando ele se for, parte dele estará em meus pulmões, me dando vigor, me fazendo dançar da popa à proa sem cansar. E, se for um vento sazonal, sentirei seu toque novamente. Não há nada que eu possa fazer para detê-lo. Detenho-me, portanto, apenas sentindo-o. Sem posse alguma, sem ambição ou plano nenhum, nos temos. Sem amarras, sem datas, sem busca. Amor não é certeza, não é posse. Amor é o bem que o vento faz.

No centro (20 de dezembro de 2007)

O cheiro da lembrança
O cheiro do passado próximo
e do distante.
É esse o cheiro dos homens que tive.
É o cheiro do errado.
O cheiro da aceitação.
O cheiro da farra, da festa
e da calma.
É o cheiro da compartilhação.
O cheiro de viagens,
de mãos, de hálitos.
É o cheiro do gosto.
Maconha.

A bela mochila amarela (18 de dezembro de 2007)

Uma mochila!
Uma mochila!
Uma bela mochila!
Amarela mochila!

Ganhei uma mochila tão linda e amarela
Tãããão bela!
Posso guardar minhas roupas,
posso levar pra acampar,
posso jogar tantas tralhas,
posso ir já viajar!

Blusas e calças e shorts e saias
Biquinis, toalha, cremes e meias
Calcinha, maquiagem, perfume, o que falta?
O que cabe nela?
Cabe tudo na bela mochila amarela?

Caberão os livros? os cds?
A lanterna e os primeiros socorros?
Caberão os bens de valor?
Caberá o amor?

Os amores...?

-Não exagera! São só 38 litros!
;)

(15 de dezembro de 2007)

Tu fuma?
Tu fede.

Me perco (10 de dezembro de 2007)

entre o poeta e o humano
entre o sagrado e o profano.


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10.12.2007 É uma bela perdição
E¢£¡þ§e¤ £Ð¢¤

Mar da noite (26 de novembro de 2007)

O mar destrói
Lentamente
O mar traz pedaços
Novamente

Deitada na praia
Os olhos no nada
(mentira! eu já esperava)
Eis que me alcançam:
pedras de gelo que um dia eram brasas.

Aos poucos derretem
(ou fingem derreter)
e me trazem paz.
E na próxima onda se vão.

Fico na areia a tocar,
com delicadeza e vontade,
a Lua com olhos de vidro.

A vida toda é mar.


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04.12.2007 "pedras de gelo que um dia eram brasas" enigmático não? gosto desses poemas sem métrica e de frases curtas!
Canêdo

Estrada (19 de novembro de 2007)

Não acabava
Nem a estrada
Nem a saudade

Acabou
A estrada.




"Se fosse a saudade
Mas são teus olhos,
Que me seguem,
Que me cegam

Eu,
Quero ver até onde eu puder
Viver atropelando sem pensar
Eu já pensei demais..."

(Ivan Parente)


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22.11.2007 A estrada não acabou...so acaba se acaba a saudade..
peixuxa


20.11.2007 Han!!!!!! Já vi que somos duas que se aventuram a inventar poesia! Bjs!!
Sofia

Abacaxi II (14 de novembro de 2007)

Mas então eu me lembro:
abacaxi me faz arder os lábios.

E já que não sei dizer não a uma bela fatia
que bom que não sobrou fatia nenhuma.

Não quero nem olhar.
Hoje não irei à feira.

Abacaxi (13 de novembro de 2007)

Olha o abacaxiii
Abacaxiii
Pode olhar à vontade, freguesa!

Olhar.
Não tocar
Não comer
Não ter

Olhar apenas

Hoje, nem isso.

A bomba (7 de novembro de 2007)

Como uma bomba caseira de pregos.
Quando explodiu, feriu a muitos ao redor.
Pregos pontiagudos
enferrujados.

A explosão era iminente.
E não a pararam.

A explosão era necessária
naqueles tempos de guerra fria.

Mas uma bomba assim é golpe baixo.
Havia métodos mais indolores.
Mas já foi.
Não adianta chorar a bomba derramada.

Bomba caseira assimnão escolhe hora nem lugar para explodir.

O homem de pedra foi atingido
e fugiu.
E não volta mais lá.
Não. Não volta.

A bomba. Fui eu.
A boba. Fui eu.


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07.11.2007 Não.. Pregos não furam pedra... Mas arranham...
Dona Carola


07.11.2007 Bombástico. Drástico e dramático. Mas podem pregos furar a pedra? Carola que querela... a bomba da gente é o preto e branco na aquarela! Poeta, Poetisa. Ganhou seu lugar... Minhas congratulações e louvores! Pois hoje li os verbos sagrados com o qual extravasastes a fio de ouro da mais derradeira profundeza.
vinícius(laluxa)

One black Monday... (29 de outubro de 2007)

É engraçado, mas segunda-feira se tornou meu dia preferido...
É o único dia que dá pra respirar.

E mesmo assim, nessa segunda-feira está tudo mais pesado. Denso. É aquele velho sentimento de não saber o que vai acontecer; de ter mãos atadas e nada poder fazer até ver a vida desenrolar o nó que ela mesma deu. Eu sou expectadora. Mas o drama me envolve, me instiga, me aperta o peito.

E, como num seriado de TV, um capítulo puxa o outro e o desenrolar dessa história não se decide hoje. Amanhã? Quem sabe?

Quem sabe até se meu peito vai agüentar de tanto querer saber do final?
"E o fim é belo incerto, depende de como você vê..."
Realmente...

[Ah! Deixa-me a ler a última página desse livro!
Deixa-me dormir em paz!
Não quero, por outra noite, deitar só ao nascer do sol
Não quero escrever de ti,
Essa narrativa me cansa!
Esse enredo, já sei de cor!
Não aceito, não tomo parte, não convém a mim sofrer
Está crescendo, sufocando, vem saindo pela boca
Como um vômito, como um grito,
Como libertação
Falo, nada temo
De qualquer forma será o fim
De uma era, de um começo que não vingou
De qualquer forma será bem vindo
Mas traz logo esse acalanto que minh'alma pede
Não me negue saber como termina esse romance
Ah, deixa-me ler a história da minha vida...]


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31.10.2007 A gente lê a linha enquanto a mão, nossa mesma, traça! Que agonia a segunda de Carola, sendo a primeira razão o autor e ator que somos: te coloco fantasiada de acacia família Leguminosae e a subfamília Mimosoideae.Um mimo suas letras mesma na negritude da incerteza. Que a fantasia e o coração coloram sempre a Dona em questão!
vinícius(laluxa)

O Pedido de Gaia (29 de outubro de 2007)

Do norte ao sul Gaia canta
Ecoa por toda Terra:
"Filhos meus, chega de fome
De destruição e guerra!

Minhas lágrimas não bastam
Para encher de volta o rio
O planeta se aquecendo
Mas nos corações há frio"

Tanta gente sai de casa
Com medo da violência
Saibam cultivar a paz
Nessa Gaia-residência

O que falta de alimento
Sobra de devastação
Soja para os bovinos
Brasileiros sem feijão

Tudo é uma mesma casa
Cabe a todos nós zelar
Pela flora que nos cerca
Pela fauna do lugar

Não há todo sem a parte
Cada um tem seu papel
Gaia pede que cuidemos
Do solo, da água e céu

"Filhos meus, pensem nos seus
O que deixarão de herança?
Um mundo de pesadelos
Ou de sonhos de criança?"

Palhaço (12 de setembro de 2007)

Ó, homem de face tingida
por tinta, por rugas, por luta, por vida
Por ti as crianças se perdem no rir
Se entregam e juramcontigo fugir

Sorrisos chegando às dúzias
Em caixas que valem milhões
E quando tu abres as caixas
Os homens se esquecem que existem canhões.

A face tem cor
As vestes têm cor
A vida tem cor onde estás.

Palhaço é autor,
homem sonhador,
de um mundo onde nada é demais.

E mesmo ao deixares de lado
Teu nariz vermelho ao findar o dia
Carregas contigo uma essência
Que deixa, onde passas, pingos de alegria.

E mesmo tirando peruca e
pintura e roupa e tirando os sapatos
Crianças do mundo, ao te verem
Apontam, sorrindo, "Olha lá o palhaço!"


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14.09.2007 ahhhhhhhhh eh nosssssss trupeeeeeeee invasão de palhaços sábado!!!!
Cris

Dona Carola e nenhum marido (24 de setembro de 2007)

E aí eu me pergunto: "Por que não eu? Ah, ah... Por que não eu?"
Hoje vejo Fulano vivendo um amor que merece declaração na internet, foto e tudo mais.
Não foi assim comigo.
O Sicrano vive a esperar por uma mocinha e é capaz até de fugir para ficar com ela.
E ela não sou eu.

O que eu quero, é alguém que espere por mim. Não necessariamente alguém que fique comigo, mas que sinta saudades e que me dê aquela sensação de "não estamos juntos hoje, mas sei que vamos acabar juntos...". Alguém que me beije sempre que nos virmos. Alguém que diga que sou eu quem ele ama. Alguém que ouça dos amigos "Você e a Carola dão tão certo... É com ela que você tem que ficar."

Droga. Não é o nome "Carola" que Fulano e Sicrano ouvem. Não é na Carola que eles pensam. Nem Carola sabe é um deles que ela gostaria de amar à distância.
Então por que essa dor?
É ciúme, sim. Inveja, até. Vai dizer que eu não mereci as fotos e declarações? Nem uma música eu ganhei... Agora sinto que eu só assistia da platéia... Não subi no palco hora nenhuma. Ele não deixou? Eu não mereci? O que há de errado comigo??
E com Sicrano? "Tudo foi breve e definitivo" (Drummond). Muito breve. E muito mais ainda definitivo. Por que não é por mim que ele espera? Por que não é de nós que ele diz sentir ainda não ter acabado?

Será possível que não vou marcar ninguém nesse mundo?
Será que não vou ter nenhum rolo mal resolvido para onde meu coração possa sempre correr?
Será que, em lugar nenhum dessa Terra, vai ter alguém que me espere voltar??


Me volto para mim mesma. E me amo. Eu mereço esse amor.

Conselhos aos que sofrem por "amor" (23 de agosto de 2007)

Dizem que um novo amor faz esquecer um amor antigo. Não é verdade.
Mas, também, não é de todo falso.

O que faz passar aquela dor não é encontrar outra pessoa. Aquela dor nem era por causa do ex. Aquela dor é a falta de amor. Não é saudade, não é falta dele. É falta de ter com quem dividir seu amor.
O nome do sujeito é apenas o objeto direto da oração. Ele dizia que te amava, você dizia o amar, e tudo parecia ser feliz para sempre. Aí acabou e você se viu sem chão, jurando nunca mais amar ninguém na vida.
Mas passa.
E só passa, de fato, quando você se vê amando outra pessoa. Não quer dizer que você esqueceu, ou que não sente mais saudade, mas que o vazio foi preenchido.
Aí você percebe (ou não, mas não faz diferença, porque você já pode sorrir novamente) que seu ex era apenas outro preenchedor de vazio, outro objeto direto da vontade de amar.

A gente precisa ter alguém por quem suspirar, alguém pra escrever "Carola e ...", alguém pra lembrar ao ouvir aqueeela música, alguém por quem esperar, até alguém por quem sofrer. O fato é que a gente não fica bem sozinho.
Se é Carola e João, ou Carola e José, não importa. Carola precisa de um complemento para o "e".
É assim com Carola, é assim com todos nós.
É por isso que tantas pessoas se sujeitam a relacionamentos atribulados, cheios de brigas, discussões e ciúmes. Não é por amar aquela pessoa mais do que tudo no mundo. É por ter uma imensa necessidade de companhia, de ter com quem dividir a escova de dente.

Um novo amor é, na verdade, uma nova chance de amar, de se entregar, de escrever bilhetinhos para ele achar depois, de acreditar que, dessa vez, vai dar certo.

E vale a pena.
É essa esperança que nos faz continuar.

Esqueça o ex, se arrume e saia para dispersar amor! O que você quer não é ELE; é AMAR.
Encontre um novo objeto direto e chega de pretéritos imperfeitos!


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24.08.2007 Obrigada pela força dona carola!!!! Realmente ele não é válido, é um daqueles amores impossíveis!!! Bjsss!!!!
Adriana


23.08.2007 ahhhhhhhhhhhhhhhhh e eu acho sabe que o nome eh o de menos sabe... por isso que as vezes eu confundo... ahhhhhhhhhhhhhh to tao apaxonada hauhauhaua
Cris*


23.08.2007 Querida Carola!!!! Lindas palavras as suas!!!! Realmente como viver sem ter "alguém por quem suspirar"?? Bjsss!!!
Adriana

Livro velho é que faz história boa (25 de julho de 2007)

Ah, esses livros antigos... Já de páginas amareladas. Por quem antes lidos?
Com curiosidade retiro um livro da estante. Com respeito o abro e folheio, à procura - inconsciente - de sinais, rabiscos, anotações que me revelem quem já esteve em contato com aquele livro.
Grifos.. Os adoro! As frases que tocaram, lá estão em destaque e, em neon estariam, se fosse possível.
Marcadores... Há quantos anos esquecidos? Às vezes não mais que pedaços de papel, lá deixados de improviso. Será que o telefone tocou quando alguém lia e, para não perder onde havia parado, se serviu de pedaço de jornal? E por que a folha lá ficou? A leitura foi interrompida perpetuamente?
Parece a letra da minha tia, ou seria da minha mãe? O livro é da minha avó, que, de costume, assina e data a contra-capa. Elas já liam Drummond... Por que não eram essas minhas histórias de ninar? Ah, Drummond...

Páginas antigas de livros de sebo me atraem... Livros novos dão alegria aos olhos, mas livros velhos enchem a alma. E, na primeira página, um nome que não é o de minha avó. Pertenceu a um desconhecido... Por que se desfazer de um livro?
Aos sete anos mudei para um apartamento e, dentro do ármario, deixada pelo antigo dono do imóvel, uma coleção de Monteiro Lobato... O Sítio do Pica-Pau Amarelo estava em minha casa!! E eu não podia compreender como alguém muda e não carrega tais preciosidades consigo! Acontece que hoje não faço idéia do que aconteceu com essa coleção... Provavelmente ficou no mesmo armário onde a encontrei anos atrás. Espaço físico é fator limitante para os livros. Se fosse um arquivo "zipado", talvez os volumes ainda estivesse comigo. Mas arquivos de computador não amarelecem as páginas... Não carregam comentários, grifos, assinaturas, números de telefone na última página, preços, operações matemáticas, cheiro que guardado, furinhos de traça.

Livros antigos carregam anos consigo. Carregam vida. Carregam histórias. Mais que literalmente.


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11.08.2007 Unhhh...sabe que até hoje eu guardo alguns poemas seu?
Fernando

Lendas, Liras e Leões (3 de julho de 2007)

Lindos Loucos me Levam Leve
Lançam Linha se Ligando ao meu Lado
Lembra a Lua Longe Lá no Limbo
Lentamente o Leito Livre Largam

Locos, Lugares de Luz
Lápis e Lições de Lã
Lírios Leves são Levados ao Lar

Lendas, Liras e Leões
Lembro sem me Lamentar
Líquido Lavando a Letra Lunar


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24.07.2007 caroool. =) vc q escreveu esse poema?! lindo poema! Lindo! com 'L' maiúsculo! ;D beeejos linda! ^^ www.fotolog.com/nahvili
Lívia


04.07.2007 os "L" da minha vida!!!! fico lindo carol preta hehehheheheh se encaixa em muitas coisas... hehehe
cris

Nando Reis (1 de julho de 2007)

Eu quero cabelos vermelhos se, assim, ele cantar para mim.

Ele me fez chorar de amor. Ele me fez chorar de vontade de ter alguém que eu pudesse amar como ele ama sua ruivinha.
"Eu quero um filho!", eu disse.
"Eu quero um pai!", ela disse.
E meu coração se espatifou.
Como é duro ouvir isso de alguém que tem em casa uma figura paterna, mas não sente assim a respeito dele. Ai, deve ser vazio. Meu pai nunca foi muito pai mesmo. Nunca duvidei de seu amor, mas a presença paterna foi preenchida por tio, avô. Pai-pai eu não tive. Ela sempre teve seu "pai" perto e só há pouco tempo descobri que eles não se dão, que existe um véu entre eles. Intransponível? Espero que não...

Há muito quero um filho. Acho que é daquelas coisas que a gente sabe que não pode ter e, isso faz querer mais ainda. Fiquei arrasada ao calcular a idade quando estarei pronta para a maternidade. Falta horrores. E já terei passado tanto dos 24 anos quando, aos 15, planejava ser mãe.
Já pensei que a gente não sente falta daquilo que nunca teve. Só agora me dei conta de que isso não é verdade. Eu quero um filho. Ela quer um pai...

E o moço dos cabelos ruivos cantava. E eu chorei de amor. E de tristeza. E de dor-de-não-há-nada-que-eu-possa-fazer.


"Não sei se o mundo é bom
Mas ele ficou melhor
Quando você chegou e perguntou:
Tem lugar pra mim?"

Aí deu tanta vontade de ter alguém que cantasse isso para mim.
Alguém que quisesse entrar e ficar em minha vida.
Tem lugar sim!, eu diria.

Eu quero um filho e um amor. Um amor novo e gigante. Ou um velho e inacabável.


E quero amigos como a garota que quer um pai.
E, ao ouvir "Preciso dela/ Só dela/ Com ela/ Eu vou", não vi um homem cantando para uma mulher, mas me vi cantando para uma amiga parceira, sem a qual já não me imagino. Quis dizer-lhe como me agrada sua companhia, como já se tornou essencial. Não sei por que não disse. Bem, agora você sabe, não é, Dinha?

Eu quero um filho, um amor e amigos verdadeiros.

Mas, por enquanto, me contento apenas com um cd do Nando Reis, que me faça lembrar da noite de ontem.



[Certa estava a Parreira quando disse que queria se casar com ele. E eu não entendia, porque não sabia como é doce a voz daquele homem! Certa estava ela...]


Comentários feitos lá naquele blog:

01.07.2007 AAHHHHHHHHHHHHH CAROLA ASSIM NUM VALE!!!!! VOCÊ ME FEZ CHORAR!!!!!!1 SUA CHATA!!!!!!! TE DETESTO!!!! TO ZUANDO AMO VC TAH ..... BJO GORRRRRRDA
Cris

Há um ano... (20 de junho de 2007)

Há um ano assinei minha sentença. Fui até lá e contraí uma gripe que se curou. E um amor que não acaba.
Há um ano eu escolhi fazer de uma pessoa mais que um conhecido, que um contemporâneo dos tempos da faculdade.
Há um ano fui lá "ver no que dava".
Deu em muita coisa.

Há um ano eu fiz de um rapazinho de apelido estranho o protagonista de vários sonhos, o motivo de vários choros de saudade, companhia de tantas horas, o parceiro de muitas danças, a inspiração de meus poemas...
Não durou um ano, mas, com certeza, me marcou para a vida inteira. E, por mim, se durasse a vida inteira, seria muito bem-vindo.

Com saudade hoje lembro daquele dia e do tanto que coube em um ano. Em um ano coube Outubro... Coube o "Eu te amo" mais fora de hora e mais lindo do mundo. Coube tantas sertanejas babando na beira do palco. Coube acordar tantas vezes ao lado de Bob Marley. Coube amar de verdade. Coube o fim, de uma forma tão horrível - ai, como me arrependo. Coube brigas infundadas e desgastantes. Coube o maior medo do mundo: medo de não sobrar nada, nem amizade, nem carinho, nada.

Algumas coisas passam. Outras se transformam. Aos dias ruins, dou adeus. E a necessidade de tê-lo dá lugar a um carinho imenso. Na lembrança ficam as músicas, tantas músicas que, para mim, sempre serão dele. Ficam as imagens que as fotografias não registraram.

Entre os objetos, fica o fio de cabelo que não consegui jogar fora. Aquele cabelo pretinho, pretinho... Mais lindo do mundo... Fica o cd que me diz que a saudade ainda vai bater no teto...
Aqui dentro fica a forte vontade de vê-lo de novo...
"Como será quando a gente se encontrar?"

Há um ano, com um beijo, selei um contrato de amor.
Foi há um ano...
Mas é para sempre.
É um amor que se transforma em outros tipo de amor, mas que não acaba nunca.

Marcante como nenhum outro.
Obrigada por ter me suspendido aquele dia, Coração.

Cupido (18 de junho de 2007)

I
Cupido retorna triunfante
E encosta na parede a aljava com flechas
Faltam duas
Também uma rosa sumiu do jardim

Brotam das faces amantes, sorrisos.
Que são jardins destruídos?
Ela ganhou uma flor
Ele ganhou uma flor

E ela tem nome: Carolina
Dessa rosa de Cupido ele cuida

E queria quatro braços
Para mais a abraçar
A rosa Carolina sorri
E sente-se envolvida pelos braços que ele queria ter.

Cupido gargalha e se sacode
"Como são divertidos os apaixonados!
Como passam tanto tempo se olhando
Se tocando
Se querendo
Se perdendo.
Olha, a noite já caiu
E os amantes não se dão conta!"
E ri e gargalha e se sacode
E, num gesto repentino,
Derruba a aljava com flechas
E elas despencam limbo abaixo.

Chuva de flechas de Cupido
Rega o corpo dos amantes
(E ele não mais ri, pois se preocupa
A regra é clara: duas flechas por casal;
É o suficiente para trazer paixão.
"E agora, o que vai acontecer?")
Passada a chuva, Cupido os olha
E constata, aliviado
Amor nasceu nesses dois seres que de tanta paixão foram regados

II
Fala o amante:
Diariamente somem rosas
Poesias e canções
Eu as pego para dar-lhas, Carolina
Sente todo o meu amor, já que é só seu
Vem comigo, agradeçamos a Cupido
Que, acidentalmente, tanto nos concedeu.

Fala Carolina:
Vou contigo e agradeço a Cupido
Vou contigo não só nessa ocasião
Quero dar-lhe todo dia meus abraços
Me olha como sua mulher
Mas vê em mim uma amiga também
Nisso se diferencia o amor
Quero-te sempre, mas, antes, quero-te bem.

Fala Cupido:
Queria eu ter tantas flechas de paixão
Para a todos encharcar e dar amor
Mas o que fez do meu erro esse milagre
O que mudou um sentimento volátil em eterno
Isso ainda desonheço.
Conta-me, Carolina
Como foi que aconteceu.

Carolina diz:
Cupido, se alegre, pois seu dever
É dar paixão e isso é bom e necessário
O amor vem para aqueles que, tendo tanto
Se contentam com o pouco
Que, se querendo, sabem quando procurar
Que vivem, sim, de abraços mas respeitam seus espaços
Que, sendo um, ainda têm individualidade
Para aqueles que se admiram e respeitam
Para esses vem o amor.

III
Cupido joga flechas para o alto
E se diverte vendo os apaixonados
Carolina ganha mais uma rosa
E canta com seu par uma canção
Mesmo no amor maduro, são eternos namorados
Desejam ter mais olhos para caber na lembrança cada momento
Desejam saber mais palavras para contar do sentimento
Desejam mais horas no dia para passarem lado-a-lado
Desejam tanto ter quatro braços...

E Cupido sorri a seus filhos.

Baila (12 de junho de 2007)

Eu olhei e ele olhou também
Ai, como eu quis que ele me chamasse pra dançar
Ele veio ao meu encontro, me pegou pela cintura
De onde surgiram estrelas?
Bailamos, bailamos
Respiração forte, cheia de vontades
Aquele corpo tão próximo parecia ser tão feito pra mim
Bailamos, bailamos
E nos beijamos!
Como se multiplicam as estrelas?
E o moço até então desconhecido se tornou meu par
Ai, e que par!
Ele sabe bailar, sabe tudo de que preciso
Ele sabe o segredo para ser inesquecível
Fica assim, aconchegado
Já não quero te soltar
Me concede outras danças
Baila até tudo virar
estrelas...

Oba! (24 de maio de 2007)

Aí, de repente, tudo muda
O que era pranto, se fez riso
A vida continua
E continua bela!
Ninguém morreu
Nem eu, tampouco
Viva!

Como é bela uma vida bela... =)

Ele sabe que é pra ele (19 de maio de 2007)

"Quero ser teu amigo,
Nem demais e nem de menos...
Nem tão longe e nem tão perto.
Na medida mais precisa que eu puder.
Mas amar-te como próximo, sem medida...
E ficar sempre em tua vida
da maneira mais discreta que eu souber.
Sem tirar-te a liberdade,
Sem jamais te sufocar,
Sem forçar a tua vontade.
Sem falar quando for a hora de calar
E sem calar quando for a hora de falar.
Nem ausente nem presente por demais...
Simplesmente, calmamente, ser-te paz.
É bonito ser amigo,
Mas confesso:
É tão difícil aprender...
Por isso, eu te peço paciência.
Vou encher este teu rosto
De alegrias, lembranças...
Dê-me tempo
De acertar nossas distâncias!"

Faço das palavras do Fernando Pessoa as minhas próprias...
Você sabe que é o que eu mais quero agora. Mas não pra AGORA. Pra quando for a hora.

Deixa de lado tanta cautela...

(15 de maio de 2007)

Era bom amar, desamar,
morder, uivar, desesperar,
era bom mentir e sofrer.

-Drummond-

Apesar de ficar com a cabeça quente quando a gente está em um relacionamento, o coração fica quente também. Isso faz valer a pena.


Quero borboletas no estômago!
Quero frio na barriga!


Eu quero me apaixonar!

É passado, mas ainda fala (13 de maio de 2007)

Hoje achei esse texto, já meio antigo... Mas que significou muito pra mim.
Eu lembrava que o tinha escrito, mas não lembrava de tudo que estava nele.
Confesso que fiquei meio sem ar ao terminar a leitura.
Realmente, significou muito pra mim.

"E se já não é mais pra ser

Então me ensina a te esquecer...


É seu cheiro, seu cabelo, sua risada, sua mão segurando a minha, sua preguiça quase baiana, seu quarto bagunçado, seu super computador, seu "ai ai ai" que me mata de raiva, sua falta de atenção, sua paixão pela viola, suas loucuras muito loucas, sua massagem perfeita, seu apelido engraçado, suas pintas nas costas, sua pele pretinha, sua falta de barba, seus olhos que parecem que têm lápis, seu paiêro que aprendi a aturar, seu sorriso lindo que até minha mãe disse que é lindo...

Quando você sorri de olhos fechados, que eu nem sei se está dormindo. Quando você apreta minha barriga. Quando você me surpreende. Quando você manda mensagem falando que está com saudade. Quando você fala o nome das famílias das árvores e eu te acho o mais inteligente do mundo. Quando você pega o celular dos seus amigos pra me ligar. Quando você perde pra mim na sinuca e eu morro de achar bom. Quando você morre de achar bom porque eu choro vendo filme. Quando você me abraça... forte... Quando te ligo e você demora horas pra aparecer. Quando me chama de linda. Quando reclama do seu cabelo. Quando elogia meu cabelo, mesmo parecendo o do Bob Marley. Quando compra um estoque de Halls. Quando me chama de Coração. Quando me beija. Quando me beija...

Você já ofreceu música pra mim na frente de todo mundo. Você já tirou foto pra comprovar que o chocolate foi mesmo comprado em Gramado. Você já agüentou minha insegurança. Você já tentou fazer o Scott me atacar. Você já me deu amor, atenção, carinho e afeto (só um pouco!). Você já comeu quindim comigo no estacionamento. Você já comprou bolinho pra me fazer feliz. Você já me chamou de gorda. Você já quis me levar pra conhecer sua mãe. Você já me fez chorar. Você já me fez sorrir muito mais, que até esqueci das horas ruins. Você disse que ainda vamos ter muito rolo. Você já disse que me ama... E parece que foi um sonho. Você já pediu um tempo e voltou atrás... Você podia tanto voltar de novo...

Em você, tudo é tão simples. Tudo é de boa. Tudo é natural. Tudo é bom.

Em mim... em mim, tudo é você.



E agora que descobri que amo, como esqueço?



Me ensina..."

Diário da manhã de hoje (11 de maio de 2007)

Todos os dias ela e suas amigas vêm em minha direção, procurando me sufocar, seja por medo, seja por nojo de seus corpos imundos. Hoje vi uma delas sozinha e ela se demorava em meu caminho. Não pensei duas vezes e fui lhe dizendo: "Sou amiga da Caroline Parreira, portanto é melhor você não se aproximar". Se ela saiu ou não, não me lembro, porque, neste ponto, comecei a rir por dentro. Eu estava falando com uma pomba (!), usando a ameaça de ser amiga de uma futura médica que vem exterminando irmãzinhas penosas daquela fedida. Foi uma cena interna ridícula, mas me senti forte e feliz, pronta a continuar a fábula, caso outras feiosas se aproximassem de mim. "Só essa semana foram pelo menos quatro!", eu diria.
Mwahahahaha -> enore risada maligna.

E assim meu dia começou bem. Tive vontade de tirar várias fotos enquanto ia pela Afonso Pena.
Um puxador de carrinho de papelão se aventurava pela avenida tentando atravessá-la por entre os veículos (quanta assonância! veveve..). Não era uma cena feliz, mas era interessante. Valia uma foto.

Sem motivos especiais, já saí de casa feliz. Agradecendo o frio feliz. Saudade o inverno que parece chegar no outono. Feliz, feliz! Tudo na rua me sorria.
Foi uma bela manhã. Valia um filme.

Santos Dumont (10 de maio de 2007)

Santos Dumont foi um cara que sentiu saudade.
Muita saudade, eu diria.
Que ele inventou o avião, todo mundo se lembra,
mas que ele inventou o relógio de pulso, quem se lembraria?

Alguém duvida que foi por saudade que ele fez o avião?
E para que mais voaria?
O que não pode esperar cruzar os mares a navio
se não uma casa vazia?

Inventou o relógio de pulso
para sempre saber quando é que a saudade dóia.
E quanto tempo faltava para rever seu bem.
Com o relógio em seu pulso, podia usar todos os comandos do avião,
sem precisar ocupar nenhuma de suas mãos.
Se tivesse que acontecer uma trágédia,
que fosse não por estar vendo as horas no relógio em seu bolso,
mas por perder-se nos olhos daquela na fotografia.
Para quem voaria.

Já eu, não invento nada
Mas essa saudade
Me inspira poesia.

A Porta e a Chave (8 de maio de 2007)

Havia uma porta e ele tinha a chave. Entrou e saiu como eles fazem. Mas voltou parecendo outro. Voltou como um príncipe. A porta me pertencia, mas dei-lhe a chave. Precisei mudar e não pude levá-lo. Levei minha porta e tentei deixar-lhe a chave, mas ele preferiu devolver-ma. Eu lhe pedi que viesse e que entrasse sem bater. A porta estaria aberta. Mas ele não veio. Sequer mandou notícias. Ele sabia que minha porta fora atacada por cupins, estava aos pedaços. Nem assim ofereceu-se para consertá-la. Tive eu mesma que controlar a situação. A porta, sem chave e ainda com buracos de cupins, parece estável. Às vezes ela sacode ao vê-lo passar, como que dizendo "vem para o lado de dentro mais uma vez!". Ele passa reto. Ela se aperta com força, como se quisesse nunca mais abrir. Mas portas são feitas para abrir e fechar. Eu tento dizer isso a ela e algumas vezes parece que ela me ouve, pois se abre, se escancara. Outros se aproximam do lugar que era dele, mas eles não têm a chave... A porta continua aberta, ninguém permanece. E aberta por tanto tempo, ela se sente inútil. Não era sua função abrir e fechar? Quando fechará de novo? Vendo-se assim, sente-se mal. Sente-se jogada. Ninguém me ama. Ninguém me quer. Ela me diz que é uma porta, mas mais parece um portal. E quase ninguém passa por lá. Toda essa reclamação me cansa. Faço planos de trocá-la. Quero uma daquelas portas de shopping, com sensor. Ela fica na sua, fechada, mas se alguém se aproxima, ela se abre! Sem medo! E fecha novamente; sem trancar! Chaves não são necessárias. Quem quiser, que entre. Se for boa companhia, faço gosto se ficar. Mas se não quiser, pode sair, voltar para visitas amigáveis e esporádicas. Como ele podia ter feito. Mas o que fazer com minha velha e boa porta que tanto já viu e viveu? É verdade que outros, antes dele, já tiveram a chave, mas ele, com minha permissão, gravou nela seu nome. Ela será dele para sempre. Mas estou decidida a adquirir uma dessas portas inteligentes. Confesso que vou guardar muito bem a porta antiga e sua chave. Se ele quiser voltar, faço a reforma e a instalo de novo. Ou então troco a fechadura, faço outra chave e a dou a outro... Vai dar mais trabalho, mas pode valer a pena. Logo a nova porta estará aqui. Com sensores sensíveis, à espera de alguém que se aproxime. Ainda me parece um tanto vago, mas dói menos que ver minha velha porta à espera do dono da chave onde leio Coração.

(5 de maio de 2007)

Me beije só mais uma vez
Depois volte pra láááá

Não é tão difícil assim, é?

Bem te quis
Bem te quis
E ainda quero muito mais
Maior que a imensidão da paz
E bem maior que o sol

Lá lá iá
Lá lá iá...

Dona Carola e seus três maridos (3 de maio de 2007)

Eu acordo pensando no Fulano. Mas ao longo do dia, me lembro do rostinho do Sicrano - sim, é SicRano mesmo. Também achei feio, jurava que era SicLano, mas não é.
Aí fico pensando que não conheço o Sicrano, mas que ele me preenche. Assim como o Fulando me preenche. Ah, tem o Beltrano também. Mas ele já não me preenche mais. Dele eu sinto um pouco de raiva. Mas se ele pede desculpas pela ausência, eu perdôo e ele passa a me preencher de novo...
Deve haver outros, mas não acho necessário expô-los. Esses são os mais atuantes. Tipos de protagonistas, acho.
Na verdade, acho que são todos figurantes. A protagonista sou eu. E com eles passo meu tempo... Ou melhor, pensando neles passo meu tempo.
Mas não sei por que. O cenário é belo. Há outros figurantes que se importam comigo de verdade; há outros protagonistas essenciais. Mas Fulando, Sicrano e Beltrano me perseguem... Na verdade, eu os persigo. Em minha mente, em meu ócio.
Fulano, sabe-se lá quando verei. Sicrano pode não durar muito tempo, vai saber. Beltrano... ah, ele não me pediu desculpas pelo último sumiço, então nem é digno de ponderações.
São três, mas são quatro, cinco... VAI SA-BER! São muitos e sou uma só. E sou sozinha. Eles estão e não estão... Vêm e vão... Penso e despenso, tento esquecer e tento e tento... e como tento!
Mas Fulano fica mesmo... Talvez até ceder seu lugar a Sicrano. Beltrano acho que não permaneceria. Sicrano, talvez... Talvez um Sicrano II apareça. E talvez ele dê um sumiço em Fulano.
Talvez sujeitos com nomes reais. Talvez amores reais. Talvez suspiros que valham a pena.
Um dia, talvez.

Droga! (28 de abril de 2007)

Eu quero escrever, mas não consigo!
=/

Tem um nó grandão aqui dentro. Ele trava minha cabeça, meu coração, minhas mãos.
Sem ação.

O jeito é esperar, né?

"Essa ferida, meu bem
às vezes não sara nunca,
às vezes sara amanhã."

Meu lindinho Drummond é tão sábio...

(2 de abril de 2007)

Ofélia - A porta está fechada.
Fauno - Neste caso, faça sua prórpria porta.

Em Espanhol soou ainda mais lindo.
Se a porta está fechada, faça sua própria porta. Encontre um caminho alternativo, mas não deixe de fazer aquilo que deve ou que quer fazer.

Lindíssimo filme. O Labirinto do Fauno. Recomendo mesmo! =)

Diálogo nas entrelinhas (20 de março de 2007)

- O que você está olhando?

- Peraí.

- ... O que você está olhando??!!

- Espera, Carol!

- ... A gente vai ficar aqui parado?

- Calma!

- Fala!

- Olha pra lá que você vai ver.

- ... Não tô vendo nada...

- Nada?

- Uai, tem a chuva, o povo atravessando a rua... E a gente aqui, parado!

- Olha o povo sem guarda chuva, molhando tudo na chuva...

- Vai ver eles estão com pressa pra esperar passar.

- Era isso que eu estava olhando.

- O quê? O povo na chuva?

- A gente tem muita pressa...

- Ann... Tá filósofo, hein?

- Mas é sério. Se a gente soubesse que a chuva vai passar em dois minutos, até esperava passar e depois ia, sem molhar. Tipo, se a gente tem pressa e vai na chuva, fica ensopado; daí a chuva pára e a gente continua molhado, enquanto quem esperou passar passa sequinho perto da gente...

- É, isso é foda.

- É...

- Mas é que não tem como saber se a chuva vai passar logo...

- Tem sim. A gente tem que observar os sinais, tipo se a chuva tá mais fraca, se já dá pra ver o céu...

- É...

- E, às vezes, a chuva não vai passar tão cedo, mas quando ela diminui, a gente tem que aproveitar pra ir, senão engrossa de novo...

- É...

- A gente tem que saber quando é a hora certa de agir. E isso vale pra tudo na vida.

- Nossa, que profundo!

- Mas é! Olha outro exemplo. É feio, mas é um bom exemplo. Quando a gente dá descarga, se solta o botão antes da hora, não vai tudo embora e, se segura demais, tem hora que volta um pouco.

- Credo!

- Mas não é?

- É, né?

- A gente tem que saber a hora certa de soltar.

- De SE soltar também, né? Olha, a chuva diminuiu.

- Diminuiu, mas não passou.

- Mas essa não passa tão cedo...


We've got to know when is the right time to let go.