30 de junho de 2008

Quarta Cultural (14 de março de 2007)

Lá estava eu, como todos os demais que lá estavam. E imaginava a vida de alguns deles, o que os fazia levantar, que compromissos os esperavam? Vidas distintas, provavelmente pucos se conheciam por lá, mas uma mesma vontade nos uniu. Uma mesma necessidade de sair, por minutos, que fossem, do turbilhão dessa vida corrida, sair dos problemas, sair do estresse, da tristeza. Cada um chegou lá com seus próprios motivos e lá permaneceu movido pela mesma paixão que nos desperta a música.
Que maravilha esses encontros de quarta-feira, que nos levam a assentar-nos no conservatório da UFMG. Que maravilha desfrutar de boa música, que trazem até lágrimas aos olhos. Falando nisso, havia uma pessoa que chorava muito, muito e eu quis muito, muito dar-lhe um abraço e chorar com ela. Havia também casais, que, com meus olhos utópicos, vi apertando suas mãos quando os trombones iniciaram Carinhoso. Havia aqueles que ficaram de pé, provavelmente por saberem não poder ficar até o fim. Eu, percebendo que poderia e precisava entrar naquilo tudo, procurei um lugar para me assentar, de onde apreciei até o fim aquele espetáculo gratuito e tão pouco freqüentado. Havia ainda senhoras, várias, e senhores. E eu ali, parecendo boba, sem saber se ouvia a música, ou se ouvia os olhos daquelas pessoas, me contando, cada uma, sua vida. Aposentados que não se deixam levar pela monotonia que uma rotina poderia trazer, jovens estudantes de música querendo estar cada vez mais nesse meio, pessoas exóticas típicas do mundo cultural, pessoas que simplesmente almoçavam no andar superior, que nem sei se prestavam atenção na beleza daquele momento...
E, ao fim, o "Eu sei que vou te amar", fez com que todos se alinhassem nas cadeiras, em reverência, quase. E, a partir daquele momento, não apenas a música nos uniu, mas a certeza de que todos ali têm ou já tiveram ou querem ter alguém para amar, para dedicar-lhe lindas canções, mesmo sem um trombone, sem a voz até, apenas com um gesto que se solidifica dentro do outro para trazer sempre à lembrança a grandeza dos nossos mais verdadeiros sentimentos.


Comentários feitos lá naquele blog:

13.03.2007 Me emocionei também... Você sabe como eu sou... , música é a minha alma... amo ouvi-la... amo cantar... "Cantar quase sempre nos faz recordar sem querer..." E é muito bom poder apreciar o que há de bom... Beijos!
Rejane

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